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Blade Prince Academy | Review

Blade Prince Academy é um RPG tático, com foco em estratégia e combate em tempo real ou pausado, desenvolvido pela Angel Corp e publicado pela Firesquid. Nele, somos colocados para controlar uma série de jovens demônios, e outras criaturas mágicas, que se unem com o propósito de proteger a cidade de Abjectalia enquanto tentam seguir com suas vidas.

E aí, será que vale a pena tankar essa? É o que veremos agora, em mais uma análise do Pizza Fria.

Escolinha do barulho

Se tem uma época complexa na vida de toda pessoa, leitores e leitoras, com certeza é aquela que compreende os anos escolares. Incertezas sobre o futuro, mudanças hormonais, inseguranças, mudanças, estilos de se vestir que nos causarão vergonha mais para frente na vida. De fato, como diria nosso chegado Yusuke Urameshi, rapadura é doce mas não é mole não.

Mais dura ainda, imaginem, é para certos protagonistas de obras de ficção. Alguns precisam apanhar de valentões e aprender a pintar cercas com um certo senhor japonês, uns precisam se transformar em aliens bombadões e outros, acreditem se quiserem, precisam cultivar amizades e namoricos enquanto enfrentam as forças da escuridão.

Blade Prince Academy segue essa mesma linha, nos convidando a conhecer os amores, dores e presepadas de uma série de personagens que estudam na instituição de mesmo nome. Além de aprenderem sobre história, matemática, línguas e tudo mais, esse povo precisa se virar para rodar a cidade de Abjectalia para caçar cultos, monstros e toda sorte de figuras agradáveis e carismáticas. Fascinante.

Blade Prince Academy
Subir de nível é tipo passar de ano? (Imagem: Divulgação)

História

Blade Prince Academy começa com um de nossos protagonistas, Phoebos, voltando para escola durante um ataque organizado por uma gangue de malucos da escuridão. O tal lugar é famoso por criar guerreiros e guerreiras com intuito de manter a cidade de Abjectalia menos avacalhada do que já é, e isso simplesmente não pode continuar dessa maneira se os caras dos Acidz quiserem continuar fazendo uma graninha.

Após dar um pé nos malandros e recuperar o local, Phobos se une aos outros estudantes para sair explorando todos os distritos da cidade em busca de colegas sequestrados, cultos para exterminar, mais Acidz para arrebentar. Tudo isso enquanto vão levando suas semanas de aula (contudo, sem mecânicas vistas em títulos como os da série Persona) e tentando viver como jovens normais.

Blade Prince Academy não apresenta uma trama de tudo inovadora ou provocadora, mas também não entrega algo criado apenas para bater ponto e colocar a pancadaria para rolar. Algumas interações entre os personagens, cujos níveis de amizades crescem e fortalecem os atributos dos envolvidos, são bem bonitinhas de se ver. Além disso, suas inseguranças e esperanças também são apresentadas de uma maneira bem legal. Não reinventa a roda, mas entrega o que se esperava sem mais problemas.

Blade Prince Academy
Amizade é sempre importante. (Imagem: Divulgação)

Jogabilidade

Blade Prince Academy é um bolo dividido em duas camadas, grosso modo. Na primeira, temos a preparação para os combates que ocorre nas telas de gestão da escola. Colocar os bonecos para recuperarem a energia gasta nas missões, melhorar os personagens, pactos (equipáveis que concedem vantagens e desvantagens), ver conversas e relacionamentos, e por aí vai. Na segunda, temos a pancadaria enlouquecida das missões.

Comecemos pelo começo. Antes de toda aventura, é preciso pensar sobre uma série de coisas. Será que meu personagem está com os pactos devidos? Será que as desvantagens e vantagens são coerentes? Será que estou com poções de cura? E a composição de times, está otimizada? Será que todos estão com energia suficiente? Ou preciso deixá-los na enfermaria para descansar? Será que tinha prova amanhã? Perguntas, perguntas.

Todas essas decisões adicionam uma camada estratégica interessante ao título. Por exemplo, cada personagem possui um papel definido (tank, dano, cura, e por aí vai), cada qual com seus atributos e habilidades genéricas. Contudo, cada indivíduo possui certas características únicas, que os fazem ser mais úteis quando colocados dentro de certos times. Levando em conta que não podemos usar sempre os mesmos bonecos, por conta dos gastos de energia, fica claro que o jogo quer que brinquemos com as composições e seus efeitos.

Outro lance interessante implementado em Blade Prince Academy foram os pactos. Eles funcionam como os poderes que encontramos em roguelikes por aí, sendo distribuídos de maneira mais ou menos aleatória pelas fases. Todos eles possuem pontos positivos e negativos, recompensando o jogador que souber como cada boneco funciona e qual atributo vale ou não a pena. Por exemplo, um tank não precisa tanto de velocidade. Mas, perder ela em troca de mais vida ou armadura é uma boa. Ainda, esse sistema permite alterar a forma como determinados heróis funcionam. Achei bem simples em teoria, mas com uma boa quantidade de aplicações.

Blade Prince Academy
Bons pactos são o segredo do sucesso. (Imagem: Divulgação)

Os combates de Blade Prince Academy funcionam assim. Após escolhermos uma missão, e montarmos nossa equipe de acordo, somos lançados em fases pequenas, nas quais precisamos realizar alguns objetivos antes de poder meter o pé. As tretas se dão em um esquema de avança e pausa, tipo no belo portões do balde 3, no qual podemos parar a qualquer momento para dar ordens aos bonecos. Isso é uma boa, visto que muita da eficácia do combate começa no posicionamento correto, e no uso de habilidades.

Cada personagem possui uma série de poderes, dentro do arquétipo e individuais, que causam uma série de efeitos tanto em quem lança a magia quanto quem recebe. O maneiro, aqui, é que determinados poderes ativam efeitos extras se lançados dentro de determinadas condições. Por exemplo, o que seria um simples giro de espada se torna um tornado de fogo caso o inimigo esteja queimando. Ou uma magia que dá dano no inimigo causa, de rebote, um efeito no usuário. Efeito esse que, depois, pode mudar uma habilidade lançada por outro companheiro. Isso, somando com as diferenças entre roles, torna o combate do jogo algo bem divertido e, até certo ponto, estratégico.

O que estragou o rolê, para mim, foram os bugs. Dentre os vários que encontrei, os mais comuns eram portas não se abrindo -me impedindo de enfrentar um chefe que estou caçando faz um tempo -, transições de cenários não funcionando, personagens com animação de ataque muito acelerada e sem contar o dano, bonecos tomando caminhos estranhos e ficando fora de formação (colocando os tanks nas costas e os mais frágeis na frente), dentre outras belezuras. De fato, esses problemas realmente diminuíram o fator diversão para mim.

Blade Prince Academy
Os combos são bem legais. (Imagem: Divulgação)

Sons e Visuais

Um ponto que chama atenção em Blade Prince Academy são os gráficos. Feitos naquele estilo de desenho matinal, eles ficaram bem coloridos e legais de se ver, tanto nas explosões de cores quanto nas animações e poderes. Os designs dos personagens também ficaram bem legaizinhos, ajudando na hora de construir uma identidade visual bem coesa para a obra.

A parte sonora também me agradou, principalmente em se tratando da trilha. Achei as músicas bem legaizinhas, casando bem com o que o jogo se propõe e embalando de maneira satisfatória minhas seções de jogo.

Blade Prince Academy
Os gráficos são bem vivos. (Imagem: Divulgação)

Vale a pena comprar Blade Prince Academy?

E lá vamos nós, alunos e alunas da academia das Pizzas do frio. Será que Blade Prince Academy irá passar nas nossas avaliações finais? Ou irá apenas falhar e repetir o ano para, quem sabe, tentar novamente no futuro? Bom, vamos rever nossas anotações para marcar a derradeira nota final nesta prova metafórica, certo?

Do lado positivo, curti a parte de gerenciamento antes das missões. Os diversos pactos, composições de times, classes e a forma como tudo se interage ficou legal. Além disso, os relacionamentos entre os personagens, ainda que não muito a fundo, ajudam a deixar a história mais rica. O sistema de combos no combate foi outro plus. Do outro lado, o excesso de bugs me incomodou bastante, assim como a frustração vinda disso. Por fim, acredito que a estrutura mais rígida das missões também pode dar uma torrada as vezes.

Mas, somando tudo ainda acredito que Blade Prince Academy mereça uma aprovação. Ainda que passando levemente acima da média. O jogo tem boas ideias, e entrega seus pontos chave com diversidade e cuidado suficientes para tomar nossa atenção. Isso é o essencial, afinal. Contudo, o título tal como é no momento perde amor com o jogador por conta dessas bobeirinhas. Tendo isso corrigido, ele poderá se tornar uma obra bem respeitável.

Blade Prince Academy será lançado no dia 7 de março para PC, via Steam.

*Review elaborada em um PC equipado com uma GeForce RTX, com código fornecido pela Firesquid.

Blade Prince Academy

R$ 49,99
7.5

História

7.0/10

Jogabilidade

7.0/10

Sons e Visuais

8.0/10

Extras

8.0/10

Prós

  • Sistema de combos é bem legal
  • Traduzido para português
  • Sistema de pactos recompensa quem aprende as particularidades dos bonecos
  • Boas opções para composição de times
  • Habilidades e combos favorecem todo tipo de time, independente da classe

Contras

  • Muitos bugs que atrapalham a diversão
  • Bugs de interface confundem
  • Problemas com a movimentação dos bonecos, aqui e ali
  • Pode ficar repetitivo com o tempo, em sessões de jogo que durem muito tempo

Matheus Jenevain

    Redator de idade não especificada e habilidade excepcional (segundo o próprio, acredite se quiser). Curte Metroidvanias, RPGs e jogos de luta. Reza toda noite, intensamente, para receber um remake de God Hand. Nunca foi atendido.