FRONT MISSION 2: Remake | Review
FRONT MISSION 2: Remake é, e eu juro para vocês que falo a verdade, um remake do segundo título da franquia Front Mission, originalmente lançado na idade da pedra conhecida como 1997. Nele, controlamos dois protagonistas que se encontram em lados diferentes da guerra, mas sofrendo da mesma forma, iniciada após os eventos do primeiro jogo.
Mas e aí, será que vale a pena revisitar mais esse clássico do passado? É o que veremos agora, em mais uma análise robotástica do Pizza Fria!
Todos quase se gamam no robô gigante
Domo arigato, mr. Roboto. Cá estamos nós, leitores e leitoras deste belo recanto das interwebs, diante de mais um remake da série Front Mission. Que, inclusive, faz sua primeira aparição (ao menos deste segundo jogo) para este lado do globo terrestre. Mais uma vez, podemos dormir tranquilos sabendo que o fenômeno dos jogos exclusivos do Japão está se tornando, cada vez mais, apenas uma triste memória de tempos passados.
Falando nisso, fiquei realmente contente de ver que FRONT MISSION 2: Remake estava dando as caras na praça. Eu realmente curto essa série, principalmente pela forma com a qual aborda as questões envolvendo o custo emocional dos conflitos globais, e a hipocrisia das guerras no geral, e como as pessoas que estão de ambos os lados não possuem, sempre, a razão total e verdadeira.
E, além disso, juntam aquele combate tático em turnos que o povo ama com aquela que deveria ser uma de nossas paixões nacionais: robôs gigantes. Ah, leitores e leitoras, por quê não nascemos em uma era que mechas são algo normal do cotidiano? Como em Armored Core, Gurren Lagann ou Megas XLR ? Tal é nossa sina, suponho. Mas, chega de balela! É hora de saber se iremos nos amarrar nesse robô gigante.

História
A trama de FRONT MISSION 2: Remake se passa na república de Alordesh, que se encontra em um estado deplorável após o fim do conflito de Huffman. Pobreza, crise econômica e um aumento da violência são apenas algumas das diversas chagas deixadas pela guerra. E ninguém entende mais sobre isso do que Ash, nosso primeiro (de três) protagonistas.
E como desgraça pouca é miséria, nosso camarada acaba se encontrando no meio de uma insurgência rebelde contra a organização que controla a região após a base na qual servia ser atacada e destruída. Fugindo por sua vida, nosso camarada reúne sua galera da pesada e começa uma busca desesperada de meios de escapar do país. Além dele, controlamos outros dois personagens que possuem pontos de vista, lealdades e percepções diferentes sobre tudo que acontece.
Tal como no primeiro, FRONT MISSION 2: Remake realmente brilha quando decide expor as severidades e desgraças da guerra, bem como do peso que ela coloca em cima de todos, quer estejam na linha de frente ou não. Diferente de muitos shooters que glorificam a guerra (estou te vendo, Call of Duty), o jogo nos faz ver duas coisas: que ambos os lados são compostos por pessoas, com suas qualidades, falhas e famílias. E que, muitas vezes, o que se apresenta como fervor patriótico e sede de liberdade pode ter motivações e origens muito mais nefastas.

Jogabilidade
A jogabilidade de FRONT MISSION 2: Remake gira em torno dos combates, dados em turnos tal qual em outros jogos do gênero, e uma extensa customização de nossos robozões boladões. Muito se manteve intacto, ao menos em linhas bem gerais, quando comparado com o primeiro título. Mas, como costuma ser com essas coisas, temos algumas evoluções. Vamos por partes.
As tretas se dão em cenários grandinhos, até, nos quais damos um deploy nas unidades que queremos. Cada uma pode realizar uma quantidade específica de espaços, governado pelo quanto de AP cada uma possui, e também podemos atacar de diferentes distâncias com base nas armas que usamos: curto, médio e longo alcance. Nossos pilotos vão melhorando conforme usam cada tipo de técnica, ganhando habilidades que fazem a diferença no calor do combate.
Saber se posicionar, e montar um esquadrão que consiga lidar com diferentes ranges, é essencial. FRONT MISSION 2: Remake realmente recompensa, e de certa maneira exige, o jogador por entender o terreno em que se encontra, como cada mecha se movimenta por ele e quais lugares são mais estratégicos para cada aliado ficar. Isso é bem maneiro, e favorece o planejamento meticuloso.
Na contramão disso, entretanto, está o combate. Nele, escolhemos uma parte para atacar e rezamos para que o pequeno santo dos RNG impossíveis sorria para nós. É legal que destruir determinadas partes diminua a eficácia do inimigo, fazendo perder armas e até a possibilidade de se mover, mas a dependência da sorte realmente faz a gente passar raiva e diminui um pouco do ar tático da coisa.

Um dos melhores aspectos de FRONT MISSION 2: Remake, sem dúvida, é a customização de robôs. Podemos construir o nosso praticamente do zero, através das diversas oficinas espalhadas pelas cidades, colocando peças que compramos ou pegamos como espólio de guerra. Ainda que cada unidade possua um limite de peso, dá pra fazer muita coisa legal.
Inclusive, essa é a maneira do jogo definir suas “classes”. Por conta dos diferentes alcances, pesos e defesas, podemos fazer com que cada um deles desempenhe funções bem específicas. Quer fazer um batedor? Coloque uma arma de contato, pernas longas e bote ele pra se mover o máximo. Quer um tank? Rodas de tanque no lugar das pernas, um lança chamas em cada mão e cai pro abraço. As opções são várias.
Em suma, a jogabilidade de FRONT MISSION 2: Remake agrada, ainda que o minuto a minuto do combate possa se tornar enfadonho se as unidades começarem muito longe no mapa. Contudo, customizar cada robô é super divertido, e acaba sendo um excelente modo de gastar tempo e aumentar a vida útil do jogo, além de recompensar que entende as mecânicas e constrói seu time em torno delas.

Sons e Visuais
Para um jogo de Playstation 1 de quase 30 anos atrás, FRONT MISSION 2: Remake está com uma boa aparência. Os mapas não variam tanto, mas os robôs são diversos e os efeitos agradam. Além disso, o tapa que deram ao colocar o jogo em full hd ficou bom, e conseguiram preservar bem sua essência. Contudo, isso teve o efeito colateral de manter os menus confusos e a interface poluída.
A parte sonora agrada, ainda que não vá além do patamar de uma trilha já feita. Temos traduções para nossa língua, felizmente, mas eu percebi algumas inconsistências estranhas, seja no português ou no inglês.

Vale a pena comprar FRONT MISSION 2: Remake?
Chegou a hora da verdade, pilotos e pilotas. Será que FRONT MISSION 2: Remake vale a pena, e compensa todos esses anos de espera? Bom, vamos tentar levantar os prós e contras para chegar no nosso veredito final. Do lado bom, temos um combate que recompensa a estratégia e posicionamento, acompanhado de uma customização extensa de robôs e uma história com batidas pesadas e boas de acompanhar.
Ao negativo, cito que o jogo é bem visualmente poluído e confuso, passível de ficar chato em algumas batalhas em mapas maiores, excessivamente dependente da sorte e com alguns erros de legendas e tradução. Agora, isso invalida a diversão? De forma alguma, mas são pontos que podem incomodar mais alguns do que outros.
No fim das contas, penso que fãs da franquia e do primeiro título irão curtir FRONT MISSION 2: Remake, visto que ele evolui em alguns pontos e dá seguimento ao conflito central. Contudo, algumas amarras do passado, bem como decisões do presente, impedem que o título realmente bote as turbinas no máximo e saia voando em direção ao estrelato. Para os fãs de estratégia, no entanto, até que vale a pena conferir.
FRONT MISSION 2: Remake chegou exclusivamente para Nintendo Switch no dia 5 de outubro deste ano.
*Review feita com código fornecido pela Forever Entertainment.
FRONT MISSION 2: Remake
BRL 179Prós
- Trama excelente que aborda temas maduros e complexos
- Combate recompensa a estratégia e posicionamento
- Customizar os mechas é uma maravilha
- Legendado em português
Contras
- Combate depende demais da sorte
- As coisas ficam arrastadas em mapas grandes, principalmente com unidades que andam poucos espaços
- Interface confusa e poluída
- Pode ser bem frustrante em alguns momentos


