Frostpunk 2 | Review

Mais uma vez estamos no meio de um mundo congelado. Em Frostpunk 2, somos colocados na continuação do primeiro jogo, onde substituímos o protagonista, dando continuidade na luta pela sobrevivência em um mundo caótico tomado não só pela mudança climática, mas também por uma série de questões políticas e morais. Sendo assim, Frostpunk 2 apresenta um frio é ainda mais intenso, mas com aspectos administrativos diferentes do primeiro título, sendo mais tranquilo. No entanto, a politicagem e toda a questão moral que o iminente fim do mundo trazem para nós.

Diante disso, vocês provavelmente estão se perguntando: o jogo está melhor? E o que há de novo? Essas e outras questões serão abordadas nesta análise. Sendo assim, prepare-se para um frio de matar (literalmente) e venha com mais uma review do Pizza Fria!

A narrativa

Seguindo em um mundo pós-apocalíptico tomado por um inverno sem fim, Frostpunk 2 segue a narrativa de Frostpunk, em uma espécie de continuidade apresentada pela primeira cutscene, que meio que nos passa o poder do líder anterior. Assim, a expansão da cidade segue sendo a única maneira de tentar fazer a humanidade sobreviver a nevascas sem fim. Porém, precisamos de recursos para acolher mais moradores, como carvão e petróleo, úteis não só para o aquecimento, mas também para que o funcionamento das coisas ocorra normalmente. Basicamente, teremos que lidar com a expansão de nossa cidade, fazendo expedições para encontrar recursos que vão gradativamente acabando.

Ou seja, a gestão pode estar mais simplificada, mas não se engane: lidar com os recursos segue sendo algo complexo, o que é, a meu ver, um dos grandes destaques da franquia, que nos coloca em constante pressão. E, para melhorar, a sequência oferece uma estrutura de campanha dividida em um prólogo e cinco capítulos, servindo para instruir o jogador e, em paralelo, avançar na história, com desafios crescentes. Essa mudança caiu bem, mesmo surpreendendo os jogadores do primeiro título. Mas é questão de hábito, e a ideia vai ficando cada vez mais aceitável.

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Prepare-se para guiar a Nova Londres em um mundo pós-apocalíptico. (Imagem: Divulgação)

O que há de novo aqui?

Frostpunk 2 tem algumas diferenças bem interessantes ao ser comparado ao seu antecessor. Ele não apenas simplifica muitos dos sistemas de gestão, mas também amplia a escala da comunidade que você deve liderar no fim do mundo. E com isso, problemas surgem. Afinal, quanto mais gente para lidar, mais demandas surgirão. Portanto, teremos que lidar com muita politicagem, com o sistema de facções sendo ampliado. Em Frostpunk, as decisões eram bem básicas, divididas entre dois grupos.

Agora, as decisões tomaram um nível de complexidade, sobretudo por acrescentar facções, totalizando agora quatro: os Novos Londrinos, focados no progresso; os Terragélidos, que priorizam a adaptação; além dos Peregrinos e dos Protetores, que surgem posteriormente na trama da campanha. Portanto, cada uma das escolhas tomadas no jogo, seja em eventos, pesquisas e nas reuniões do conselho, um dos grandes destaques em Frostpunk 2, afetam nossa relação com cada uma das facções, influenciando as opções disponíveis para a administração da cidade. Assim, segue sendo a tônica do jogo os dilemas morais e políticos, que deixam a experiência de jogo ainda mais imersiva.

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Os dilemas apresentados pelo jogo estão mais profundos. (Imagem: Divulgação)

Além disso, entre as melhorias mais significativas, está o aumento no tamanho da cidade. Agora, a dinâmica muda: ao invés de construirmos edifícios individuais e designar trabalhadores para cada tarefa, agora temos de liderar uma população de milhares, além de erguer novos distritos coletores de alimentos; de extração de madeira e outros produtos; industriais, para transformar as matérias-primas; de habitação e de logística, responsável pelas expedições.

Essa mudança reduz toda aquela coisa da microgestão, proporcionando uma experiência mais fluida e simplificada, mas sem ser simplista, focando em outros pontos como as facções. Assim, a sensação de estar administrando uma cidade em crescimento é realmente satisfatória e realista.

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A gestão do jogo está mais simplificada. (Imagem: Divulgação)

Outros pontos interessantes

Mesmo com a simplificação das mecânicas, não se engane, os recursos seguem sendo o motivo do nosso colapso. O mundo congelado é ainda mais hostil aqui, e agora temos de gerenciar um número maior de pessoas, como eu disse anteriormente. Porém, tudo acontece de uma maneira mais eficiente. Essa mudança já aprimora a experiência de Frostpunk 2, mostrando que o título se apresenta como uma grande sequência.

Além disso, o sistema de pesquisa foi ampliado e oferece mais opções estratégicas, tornando a experiência mais profunda e complexa, mostrando a importância da ciência e da reflexão em momentos de caos. Contudo, a fé também é uma questão complexa em Frostpunk 2, apresentando extremismos em todas as facções. Recursos em excesso, como sujeira e doenças, podem surgir se você não administrar seus distritos de maneira correta, e tensões acontecerão por conta disso. Enfim, em Frostpunk 2, vivemos uma luta constante para equilibrar todos esses aspectos apresentados. Felizmente, o jogo oferece informações e caminhos para lidar com essa variedade de desafios. E a gente agradece!

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O visual do jogo está incrível! (Imagem: Divulgação)

Visualmente, Frostpunk 2 também teve um grande avanço ao ser comparado com o título original, trazendo ainda mais gelo e neve, bem como mais detalhes nas dinâmicas da cidade, que está ficando enorme. Outro destaque gráfico é como a eletricidade e poder fluem por toda a cidade, em um estilo bem steampunk. Outro ponto positivo fica por conta da parte sonora, totalmente condizente com o cenário de mundo pós-apocalíptico, trazendo uma narração carregada de melancolia, assim como a trilha sonora. Tudo aqui casa perfeitamente com a sensação que devemos sentir ao observar um mundo congelado, uma possibilidade cada vez mais possível por conta das mudanças climáticas.

Vale a pena jogar Frostpunk 2?

Frostpunk 2 é tão bom quanto o primeiro, mas com alguns aprimoramentos interessantes: a ideia é maior, mais ousada e ainda mais refinada. O desafio segue intenso, mas com uma maior acessibilidade. E não é que Frostpunk era difícil, mas complexificava coisas que Frostpunk 2 também traz, mas de forma mais leve, simplificando a microgestão e todo o processo de ampliação da cidade. Aliás, o prólogo do jogo vai explicando como funciona cada uma das dinâmicas, facilitando ainda mais a coisa. Além disso, as decisões éticas e políticas continuam a nos deixar de cabelo em pé, mas são apresentadas de forma mais fluida, uma mudança muito positiva.

Sobre o desempenho, o título funcionou muito bem em uma GeForce RTX 4070 Ti, mas outros jogadores com placas mais modestas relataram não ter problemas. E, falando de problemas, a edição que joguei apresentou pequenos bugs e glitches, além de problemas na tradução, que variava entre o inglês e o português brasileiro. Mas isso certamente já foi corrigido na versão 1.0.

Mantendo todo o caos do título original, mas mudando (e melhorando) as mecânicas e a parte audiovisual, Frostpunk 2 entrega uma experiência de sobrevivência e construção de cidades gratificante e desafiadora, nos colocando constantemente em confronto com questões éticas e morais. O mundo congelado e hostil pode ser sombrio e brutal, e é, mas a jornada para liderar Nova Londres é tão envolvente e imersiva, que vale a pena demais ser vivida, seja por fãs do gênero ou novatos.

Por fim, Frostpunk 2 já está disponível para PC, via Steam e Epic Games Store, estando disponível também no PC Game Pass. As versões para PlayStation 5 e Xbox Series X|S serão lançadas futuramente.

*Review elaborada em um PC equipado com uma RTX, com código fornecido pela 11 bit studios.

Frostpunk 2

R$ 119,95+
8.6

História

8.6/10

Jogabilidade

8.8/10

Gráficos e sons

8.4/10

Extras

8.4/10

Prós

  • Legendado para português brasileiro
  • Questões políticas, éticas e morais estão ainda mais desafiadoras
  • Audiovisual aprimorado desde o primeiro título

Contras

  • Alguns pequenos bugs e glitches
  • Problemas na tradução

Álvaro Saluan

Historiador e cientista social de formação, é completamente apaixonado por videogames e escreve sobre o tema há uns bons anos. Vê os jogos para além do entretenimento, considerando todo o processo como uma grande e diversificada arte.