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KARMA: The Dark World | Review

KARMA: The Dark World é um jogo narrativo em primeira pessoa, naquele estilo walking simulator desenvolvido pela POLLARD STUDIO LLC e publicado pela Wired Productions em parceria com a Gamera Games. Nele, acompanhamos a jornada de um camarada que trabalha para um departamento estatal nada distópico, totalmente pacífico e seguramente adorável. Podem confiar.

Mas e aí, será que vale a pena acompanhar esse babado? É que saberemos agora, em mais uma análise esplendorosa do Pizza Fria!

Sorria que nós estamos te filmando

O que dizer do mundo moderno, leitores e leitoras. Além das modernidades (acreditem se quiser), também temos de lidar com diversos problemas que não existiam em outras épocas. Como o excesso de exposição da vida cotidiana, as tendências que temos de estarmos constantemente online, a destruição da noção de privacidade e a desvalorização do eu. Os boletos que, se não forem pagos, ocasionam no corte da internet e do fim de minhas aventuras em Final Fantasy XIV. Enfim, muitas coisas.

Interessante, não é mesmo? Esses são questionamentos que já foram, e ainda serão, muito explorados pelo imaginário popular e suas produções. Seja em livros, como o famoso 1984 de George Orwell, ou, e de maior interesse para nós no dia de hoje, por videojogos eletrônicos. E, vejam só que coisa maluca minha gente, esse é exatamente o pano de fundo de KARMA: The Dark World, nosso joguinho da vez!

Admito que fiquei muito interessado e curioso desde que tive a oportunidade de jogar o conteúdo de preview, parte pelas inspirações orwellianas e parte pelo visual distópico e surreal do universo. Portanto, devo dizer que comecei minha jogatina com uma boa quantidade de boas expectativas. Mas, será que elas foram devidamente atendidas? É o que saberemos agora.

KARMA: The Dark World
Será que tem alguma review daquele lado de lá? (Imagem: Divulgação)

História

KARMA: The Dark World conta a história de Daniel, um camarada com certos problemas de memória (como costuma ser o caso) que trabalha como agente em uma organização não tão secreta de um governo/corporação não tão legal. O trampo de nosso chegado gira em torno de investigar qualquer pessoa que vá contra as diretrizes da grande Leviathan corp e, seja usando máquinas para entrar em suas mentes ou o bom e velho papo, descobrir seja lá que quiserem saber.

Contudo, uma noite perfeitamente normal de serviço acaba se desdobrando um uma loucura sem tamanho quando Daniel é enviado para investigar um camarada acusado de roubar uma propriedade da empresa. A partir daí, nosso camarada começa a cair em um espiral de loucura e intrigas que ele jamais poderia imaginar se ver um dia.

A trama de KARMA: The Dark World é bem intrigante e envolvente a maior parte do tempo, cheio de idas e vindas que deixam o jogador interessado e agarrado do começo ao fim. Além disso, o universo no qual o jogo se passa é simplesmente fascinante, misturando influências diversas para criar uma atmosfera opressora, surreal e positivamente irresistível. Dessa forma, conseguimos nos sentir como se realmente estivéssemos naquele mundo, sofrendo tudo que seus habitantes sofrem e sendo doutrinados como eles são.

Eu realmente não posso deixar de reforçar o quanto me senti sugado pelo universo do título, prestando atenção em cada detalhe da personalidade de seus personagens, das pistas de seus cenários e dos pequenos fragmentos de história que estão espalhados por todo lugar. Isso é essencial em jogos desse tipo, visto que a trama é o principal atrativo, e posso dizer que nesse aspecto nosso jogo de hoje acerta em cheio.

KARMA: The Dark World
Que lugarzinho bom de se viver, não é? (Imagem: Divulgação)

Jogabilidade

KARMA: The Dark World pode ser definido como um bom e velho walking simulator, como os jogos das franquias Layers of Fear e Amnesia por exemplo. Isso quer dizer, em bom português, que a maior parte de nosso tempo será gasto andando de um lugar para o outro enquanto observamos a história se desdobrar e resolvemos alguns quebra cabeças para matar o tédio.

Em nosso jogo de hoje, isso é feito de algumas maneiras diferentes ao longo do tempo. Por exemplo, no começo fazemos uso de teletelas (quem leu 1984 vai se lembrar do que são) para descobrir pistas sobre acontecimentos e outras informações como códigos de portas e coisas do tipo. Em outro, entramos na mente de suspeitos para organizar suas memórias e, depois, vivenciá-las de uma maneira psicodélica para David Lynch nenhum botar defeito.

Além disso, KARMA: The Dark World também espalha colecionáveis por seus cenários na forma de documentos, imagens e pequenas caixinhas de segredos. Eles são opcionais, em sua maioria, mas sempre vale a pena pegar tudo que encontrarmos. Principalmente os primeiros, porque são essenciais para entendermos mais sobre a sociedade na qual Daniel vive, o passado dele próprio e algum semblante de entendimento sobre os eventos que estão se desenrolando.

KARMA: The Dark World
Quais são os seus segredos? (Imagem: Divulgação)

Ainda que não quebre muito o molde do estilo, o jogo tenta seu melhor para variar suas mecânicas e deixar o jogador sempre com algo novo para queimar seus neurônios. Isso até que é bom em certos momentos, mas admito que gostaria de ter visto um pouco mais de uso para alguns elementos como as teletelas, além de também ter pensado que alguns pedaços da experiência acabaram ficando arrastados demais por conta de toda essa coisa.

Em se tratando de ambientação, a forma com que KARMA: The Dark World brinca com o jogador ficou bem interessante. A maioria dos walking simulators fazem isso, de uma forma ou de outra, mas o jogo realmente usa da criatividade e das benesses de não ligar muito para a realidade e razão na hora de zoar conosco. Podem confiar que ficarão realmente surpresos com algumas coisas, e a combinação de visuais e artifícios não deixa nada a desejar.

De lado negativo, senti que a movimentação do personagem é lenta demais. Daniel corre como se estivesse passeando pelo parque em um dia preguiçoso, e isso faz com que certos pedaços do jogo se tornem muito mais chatos do que deveriam. Principalmente aqueles nos quais ficamos um pouco perdidos ou sem saber direito onde precisamos pegar determinado item ou informação. É algo que parece bobo, mas realmente faz a diferença. Por fim, achei que o título poderia ter adicionado um pouco mais de rejogabilidade através de maiores escolhas, outros colecionáveis e coisas parecidas.

KARMA: The Dark World
Sempre andando tranquilo. (Imagem: Divulgação)

Sons e Visuais

Visualmente, KARMA: The Dark World é um jogo impressionante. Temos uma atenção considerável aos detalhes, tanto de cenários quanto personagens, texturas bem construídas, sombras realistas e um cuidado que realmente transparece. Isso contribui demais para o fator aproveitamento, visto que facilita muito o ato de nos perdermos no mundo que é colocado em nossa frente.

O departamento de som não fica atrás, com músicas muito bem feitas e utilizadas com maestria, tanto em forma cantada quanto puramente instrumental. Também gostei das vozes, e da forma como conseguem passar a emoção das personagens de uma maneira bem real. O medo constante de Daniel é fácil de acreditar, e isso é uma boa forma de nos conectarmos melhor com ele. Ah, e temos legendas!

KARMA: The Dark World
Que doideira. (Imagem: Divulgação)

Vale a pena jogar KARMA: The Dark World?

KARMA: The Dark World foi um jogo que me fisgou já desde a época da preview, leitores e leitoras. Sou um fã confesso desse estilo de narrativa e temática, e admito que isso serve tanto para aumentar meu aproveitamento com o título quanto, por outro lado, para deixar minhas expectativas ainda maiores e menos justas. É a vida, não é mesmo?

Ainda que tenha suas imperfeições, fico feliz em dizer que nosso jogo de hoje conseguiu alegrar meu frio, frio coração. Ainda que o boneco seja lerdo e alguns momentos se arrastem demais, o universo criado aqui é fascinante, a trama me prendeu do começo ao final (ainda que se perca em certa parte) e não conseguir largar o controle até ver os créditos rolarem.

Eu diria, até, que KARMA: The Dark World é um dos melhores walking simulators que joguei nesses últimos tempos, puramente por sua identidade visual, suas temáticas e a forma como ele constrói seu universo. Ainda que não seja perfeito, como nada é nesse mundo (além de vocês leitores e leitoras, claro), acredito que ele seja divertido mais do que suficiente para agradar todo tipo de jogador que esteja procurando uma experiência surreal para chamar de sua.

KARMA: The Dark World, jogo de terror psicológico, está disponível para PC, via Steam, e PlayStation 5.

*Review elaborada em um PC equipado com uma GeForce RTX, com código fornecido pela Wired Productions.

KARMA: The Dark World

BRL 73,99
8.5

História

9.0/10

Gameplay

8.0/10

Gráficos e Sons

10.0/10

Extras

7.0/10

Prós

  • Surreal, bizarro e fascinante
  • Sons e visuais de primeira linha
  • Uma trama que nos prende do começo ao final
  • Explora bem sua temática, na maior parte do tempo
  • Legendado em português

Contras

  • Daniel anda devagar demais
  • Alguns momentos se arrastam mais do que deveriam
  • Boas mecânicas são usadas por pouco tempo e deixadas de lado, infelizmente

Matheus Jenevain

    Redator de idade não especificada e habilidade excepcional (segundo o próprio, acredite se quiser). Curte Metroidvanias, RPGs e jogos de luta. Reza toda noite, intensamente, para receber um remake de God Hand. Nunca foi atendido.