Mark of the Deep | Review
Mark of the Deep é um jogo de aventura, com inspirações metroidvania, desenvolvido pela Mad Mimic e publicado pela Light Up Games. Produto nacional, o título nos convida a acompanhar as desventuras de um pirata azarado que se encontra perdido, e amaldiçoado, em uma ilha que não aparece em mapa nenhum. Que tristeza, não é mesmo?
E aí, será que vale a pena acompanhar essa jornada amaldiçoada? É o que veremos agora, em mais uma análise marítima do Pizza Fria!
Sobre piratas e monstros
Que pensamento feliz, leitores e leitoras do site mais excelentíssimo nessa terra de ninguém chamada de internet, é acreditar que jogos sobre piratas estão voltando ao cenário dos videojogos. De fato, Assassin’s Creed Black Flag me fez realmente apreciar o gênero, além de todas suas narrativas sobre grandes aventuras, roubos em alto mar, canções sobre amores perdidos e armas que suportam apenas uma munição. Bons tempos.
Ou, em outros casos, narrativas nas quais cães dos mares precisam enfrentar males sobrenaturais e bizarros em um ciclo eterno de morte e renascimento. Tal como ocorre em nosso querido da vez: Mark of the Deep. E ainda dentro de um dos meus gêneros favoritos em todo o mundo! Ah, que dia feliz para se estar presente nessa realidade, não é mesmo?
E, ainda, vindo de um estúdio nacional! Nada melhor do que ver produtos criados em terras tupiniquins ganhando o mundo, provando que entendemos da arte dos jogos e sabemos como fazer as coisas. Inclusive, um dos jogos mais agradáveis do ano passado foi desenvolvido por aqui. Quem jogou Mullet MadJack sabe muito bem do que estou falando. Mas, chega de devaneios e enrolações de minha cabeça. Vamos ao que realmente interessa.

História
Mark of the Deep conta a história de Rookie, um camarada que servia a bordo do Angry Mermaid no que seria mais uma viagem de rotina. Pirataria, canções, abordagens marítimas e todo o resto como manda o figurino. Contudo, um evento nada agradável acaba fazendo com que o navio afunde e toda sua tripulação seja lançada ao mar. Que droga.
Após acordar e descobrir que não pode mais morrer, nosso camarada começa a explorar a ilha na qual foi levado pelas águas em busca de seus companheiros de navio. Conforme vamos avançando, passamos a conhecer mais da estranha história do lugar, de seus habitantes monstruosos, de outros que passaram pelo mesmo e sobre os motivos por trás do naufrágio do Mermaid. Será que foi apenas um azar terrível? Ou alguém armou para nossos chegados?
Mark of the Deep segue nos mostrando muito da lore através de missões primárias ou secundárias, diálogos e, principalmente, documentos que encontramos durante nossas andanças. Até que achei todo o pano de fundo interessante, mas acredito que uma exposição mais natural seria muito mais proveitosa ao título e o jogador. Contudo, me senti envolvido pela trama e achei que todos os personagens desempenharam bem seus papéis.

Jogabilidade
Como dito lá em cima, Mark of the Deep combina uma jogabilidade de ação com um metroidvania e leves elementos de soulslike. Portanto, iremos passar um bom tempo trocando tapas com inimigos que reaparecem quando usamos pontos de salvamento, encontrando segredos e conquistando habilidades que nos permitem tanto liberar novas áreas do mapa quanto diversificar nosso arsenal e opções de combate.
Os controles são bem simples, tudo considerado. Inicialmente, contamos com um ataque forte e outro forte que precisa carregar, além de uma poção que recarrega ao descansar nas pedras de checkpoint e a boa e velha habilidade de sair rolando feito um maluco para fugir de ataques, tão famosa e querida por todos da comunidade souls. Conforme o jogo avança, vamos aumentando nosso arsenal com novas armas e poderes.
Além da ressurreição, Rookie vai aprendendo coisas úteis como lançar ganchos, retornar projéteis e outras coisas que ajudam muito a tirar o combate daquela fórmula repetida de sempre. Inclusive, achei que Mark of the Deep demora muito para entregar o ouro, fazendo com que suas primeiras horas sejam consideravelmente mais repetitivas e sem novidades do que deveriam.
Além disso, achei que as tretas acabam caindo dentro da mesma rotina muito rapidamente. Muito devido, acredito eu, a forma que os inimigos reagem e como os frames de invencibilidade funcionam. Por exemplo, um ataque carregado faz com que o boneco rode e acerte duas vezes. Muito legal, até vermos que os inimigos se recuperam rápido do baque e nos acertam antes mesmo de terminarmos o giro. Pode ser bobeira, leitores e leitoras, mas faz diferença nos vários momentos que enfrentamos grupos de caveiras ou precisamos sobreviver a uma arena de inimigos para prosseguir.

A exploração dos mapas já é mais legal, com uma série de caminhos que se dobram em outros, cheios de tesouros para encontrar, missões para aceitar, pessoas para resgatar e monstros para largar o braço. Além disso, ser curioso recompensa o jogador com recursos que podem ser utilizados para melhorar Rookie e suas diversas armas.
Também encontramos relíquias e outros penduricalhos que nos oferecem vantagens consideráveis como maior dano de ataque, velocidade, escudos, aumento de defesas e por aí vai. Elas são legais, mas acho que uma maior variedade de opções ofensivas ainda poderia ter sido considerado, tanto para dar uma maior variedade ao combate quanto para estender o leque de opções do jogador.
Por fim, achei que Mark of the Deep é um pouco confuso de se explorar. Os cenários são muito parecidos, e andar pelas diferentes zonas acaba sendo algo um pouco trabalhoso e, até, nebuloso. Isso fica ainda pior quando precisamos voltar para áreas que passamos faz muito, como naquelas onde se encontram vendedores que aceitam nosso ouro em troca de mercadorias obtidas de maneira totalmente legal e sem risco.

Sons e Visuais
Mark of the Deep entrega visuais bem legais, com uma pegada bem sombria, além de personagens bem animados e uma atmosfera sombria e opressora. Contudo, achei que os cenários ficaram muito repetidos. Inclusive, pouco variando do padrão de ruínas com diferentes cores, florestas corrompidas e coisas do tipo. Um desperdício.
A trilha sonora segue o mesmo ritmo, preferindo músicas mais ambiente com batidas mais firmes e pesadas em momentos de combate ou nos quais as coisas, normalmente, não estão indo muito bem. O maior destaque, entretanto, vai para a dublagem e legendas em português. Ficaram muito legais, e deixam o título ainda mais acessível.

Vale a pena jogar Mark of the Deep?
Mark of the Deep, leitores e leitoras, foi um título que conseguiu me divertir. Sempre é bom poder devorar um novo metroidvania, ainda mais quando ele mistura suas mecânicas com outras um pouco mais fora da caixinha. Ainda que o título não seja perfeito em todos os aspectos, ele é mais do que competente para entregar o que esperamos.
Achei o combate bem divertido e, apesar da baixa seleção de equipamentos no começo, conseguiu me desafiar e prender em igual medida. Também achei divertido explorar e encontrar os segredos, mesmo que tenha ficado um pouco perdido em alguns momentos ou sem saber direito de onde vim ou deveria ir. São coisas pequenas, mas que acabam fazendo diferença.
De toda forma, ainda acho que Mark of the Deep é um representante sólido do gênero, ainda mais por se apresentar em nossa linda língua materna. Apesar de alguns tropeços aqui e ali, o jogo mais do que consegue entregar tudo que os fãs do gênero esperam, com uma boa quantidade de mecânicas e uma dublagem que o torna ainda mais acessível para todos nós.
Mark of the Deep chega nesta sexta-feira, 24 de janeiro, para PC, via Steam, GOG e Epic Games Store. As versões para PlayStation 4, PlayStation 5, Xbox One, Xbox Series X|S e Nintendo Switch serão disponibilizadas em data posterior.
*Review elaborada em um PC equipado com GeForce RTX, com código fornecido pela Mad Mimic.
Mark of the Deep
Prós
- Mecânicas sólidas com controles responsivos
- Combate divertido
- Exploração recompensa o jogador que é curioso e procura em todo lugar
- Dublado e legendado em português
Contras
- Demora um pouco demais até nos dar mais habilidades
- Combate diverte, mas é muito simples
- Muita repetição de cenários
- Encontrar o caminho de ida e volta para certos lugares é mais confuso do que deveria