AnálisesNintendoPCPlayStationSlideXbox

Onimusha 2: Samurai’s Destiny | Review

Se você passou os últimos anos esperando por um retorno digno da franquia Onimusha, a Capcom trouxe uma boa nova: Onimusha 2: Samurai’s Destiny, clássico da era PS2 está entre nós, disponível em uma remasterização para PlayStation, Nintendo Switch, Xbox e PC via Steam, que serve mais como carta de amor aos fãs antigos do que como convite pomposo para novos jogadores. E, honestamente? Está tudo bem. Afinal, o jogo nunca foi sobre gráficos lindos e uma narrativa impecável. Sempre foi sobre espada, honra e demônios. Muitos demônios…

Lançado originalmente em 2002 e agora relançado em 2025 para a geração atual, Samurai’s Destiny tem cara e alma de um jogo de vinte e três anos atrás. Talvez esse seja seu charme, mas também sua limitação. Tudo é questão de perspectiva. Com gráficos polidos, resolução em widescreen e pequenos ajustes na jogabilidade, o game tenta equilibrar a nostalgia com o conforto moderno. Mas será que só isso basta em plena era dos soulslike e mundos abertos infinitos? Vamos descobrir nesta análise do Pizza Fria!

Jubey quer vingança!

A trama é direta e eficiente: após o massacre de sua aldeia pelos exércitos demoníacos do ressuscitado Nobunaga Oda, algo explicado logo no início através de uma cutscene, o jovem samurai Jubey Yagyu parte em uma jornada de vingança e descoberta. Seu diferencial? Um sangue especial que lhe permite absorver almas e acessar o poder dos Onis, um recurso vital tanto para o combate quanto para a progressão no jogo. Isso vai sendo explicado de maneira linear, algo que nos conduz por uma narrativa interessante, mas não muito profunda, convenhamos. Mas é legal, de toda forma. Afinal, você sai dando porrada em tudo quanto é demônio no caminho. Gostamos!

Apesar de ser sequência direta do primeiro Onimusha, é bom ressaltar que não é obrigatório conhecer o antecessor para mergulhar nesse capítulo. A história se sustenta sozinha e traz uma dinâmica interessante ao permitir que o jogador crie laços com diferentes personagens ao longo da jornada. O sistema de afinidade com NPCs influencia eventos da trama, desbloqueia cutscenes e até altera como aliados reagem durante as batalhas, algo que para a época era grandioso. Pequenos gestos, como entregar o presente certo ao aliado certo, podem virar o jogo.

onimusha 2 samurai's destiny review análise
Jubey está pronto para destruir todos que aparecerem na sua frente. (Imagem: Divulgação)

Portanto, ao longo da narrativa, Onimusha 2: Samurai’s Destiny nos conduz pela vida de um samurai matador de demônios que quer encontrar o igualmente demoníaco Nobunaga Oda em busca de vingança. E, para isso, precisaremos matar muitos, mas muitos demônios mesmo, quase que naquele estilo soulslike, em que cada mudança de cenário te coloca para cair no soco com vários inimigos. Isso dá uma leve travada no desenvolvimento narrativo, mas em diversos momentos o jogo consiste nisso aí: sair batendo em todo mundo. É o que temos, e na época do lançamento foi bem legal. Hoje, nem tanto…

Jogabilidade característica da Capcom

Na primeira vez que joguei Onimusha 2, eu nem havia me atentado a isso. Mas nesse retorno, foi nítida a percepção de que o jogo mantém aquele padrão clássico da Capcom dos anos 2000: câmeras fixas, cenários pré-renderizados e uma mistura de ação com puzzles, algo bem próximo dos primeiros Resident Evil. O único diferencial é que aqui, a coisa descamba mais para o combate corporal, que é bem mais intenso e repleto de possibilidades.

Jubey, nosso protagonista, começa com uma simples katana, mas rapidamente adiciona ao seu arsenal armas elementais que liberam ataques devastadores. A absorção de almas, já presente no primeiro jogo, está mais refinada: agora é possível armazenar energia e escolher o momento ideal para ativar a forma Oni, uma espécie de modo berserker temporário com força e velocidade sobre-humanas. E isso ajuda muito a lidar com o controle de multidão, já que em alguns momentos, aparecem muitos inimigos.

onimusha 2 samurai's destiny review análise
Essa câmera fixa é complicada… (Imagem: Divulgação)

Os controles de Onimusha 2 foram suavizados para os tempos modernos, mas seguem aquele mesmo padrão. Porém, nada de pad direcional travado: a movimentação com o analógico deixa tudo bem mais fluido, e trocar de arma em tempo real é um alívio. A adição do parry (bloqueio ofensivo) também eleva o ritmo dos confrontos, recompensando o jogador que domina o tempo certo com finalizações cinematográficas.

Na real, a jogabilidade mantém muito da essência do jogo original, algo que é muito agradável para os fãs mais puristas da franquia. Porém, a gente percebe que alguns aspectos ficaram meio datados, algo que faz parte de um remaster. E está tudo bem. A ideia é que Onimusha 2 conseguiu se manter fiel e bem digno de sua versão original, tendo mudanças muito pontuais, mas necessárias. Portanto, pode ser que novos jogadores não curtam tanto, algo bem comum de acontecer com remasters.

onimusha 2 samurai's destiny review análise
O lado mais complicado dos remasters… (Imagem: Divulgação)

Rejogabilidade e dificuldade

Um dos pontos altos da remasterização de Onimusha 2: Samurai’s Destiny está na parte da rejogabilidade. A presença de múltiplos aliados e caminhos narrativos cria uma rede de possibilidades para os fãs mais apaixonados e para quem gosta de se aprofundar no jogo em seus mínimos detalhes. Agora, há uma motivação legítima para recomeçar o jogo e experimentar novas alianças, diálogos e finais. Mas é realmente questão de gosto.

Quanto à dificuldade, ela parece um pouco mais equilibrada do que no original, mas isso talvez sejam truques da minha cabeça. Afinal, já se passaram 23 anos! Mas, se minha memória não me falha, parte dessas questões surgem do refinamento dos controles, que elimina muita da frustração antiga. Ainda assim, há desafios à altura. A Capcom adicionou dois modos extras: um fácil, para quem só quer curtir a história, e o mais pesado, Inferno, no qual qualquer golpe recebido é morte instantânea. Se você acha que domina o jogo, sugiro ir firme neste. Devo confessar aqui que não foi o meu caso…

onimusha 2 samurais destiny review analise 4 onimusha 2
Em Onimusha 2: Samurai’s Destiny, os inimigos aparecem sem parar! (Imagem: Divulgação)

Gráficos e sons seguem fiéis

Visualmente, Onimusha 2: Samurai’s Destiny entrega aquilo que se espera de um remaster honesto, mas sem mudanças absurdamente drásticas: texturas em HD, proporção 16:9 e cenários mais vivos. A ambientação ainda é bem interessante, mesmo seguindo o padrão do PS2, trazendo um Japão feudal em sua versão sombria e sobrenatural, algo que continua bacana, com vilarejos em ruínas, castelos macabros e florestas encantadas. Mas não espere gráficos de última geração, por favor. Estamos falando aqui de um remaster!

E, como tal, temos alguns probleminhas. Um pequeno problema recorrente na parte gráfica é um estranho brilho esverdeado que aparece em alguns elementos, especialmente nos cabelos dos personagens. Achei que fosse viagem da minha cabeça, mas realmente, acontece. Isso tira um pouquinho da imersão em certos momentos, mas não é nada que comprometa a jogabilidade. Porém, em um relançamento tão esperado pelos fãs, esse detalhe poderia não existir. Já na parte de sons, o jogo também segue o padrão, sendo bem agradável, mantendo aqueles barulhos típicos dos jogos do PS2, com uma dublagem meio engraçada, mas funcional para Jubey e sua turma.

onimusha 2 samurai's destiny review análise
Jubey não está sozinho nessa aventura. (Imagem: Divulgação)

Vale a pena jogar Onimusha 2: Samurai’s Destiny?

O remaster de Onimusha 2: Samurai’s Destiny é um agrado para os fãs da franquia, que aguardam ansiosos por mais novidades. Porém, pode ser mais interessante e funcional somente para aqueles jogadores que carregam memórias afetivas com a franquia. Talvez para os jogadores mais curiosos e pacientes que não se importam com as mudanças tecnológicas, algo que eu já notei de cara quando voltei a jogar. De toda maneira, o jogo é funcional, envolvente e, principalmente, fiel ao seu legado, acrescentando pequenas melhorias muito úteis.

Porém, vejo em Onimusha 2: Samurai’s Destiny e em vários outros remasters, uma forma de nos lembrar que o tempo passa. A Capcom podia ter ousado mais, modernizando elementos-chave como a interface, as animações faciais, até os efeitos sonoros, mas não o fez, deixando apenas os ecos do que o título original foi um dia. Assim, percebe-se que a Capcom optou por uma restauração suave, sem correr riscos. E isso pode ter sido um passo seguro antes da prometida nova entrada da série em 2026. Ou só preguiça mesmo. Vai saber…

Se você nunca jogou Onimusha 2, esse é um bom momento. No entanto, não espere algo moldado pelos padrões atuais, pois está bem longe disso. Agora, se você é fã de longa data, prepare-se para mais uma viagem no tempo. De qualquer forma, vale a pena atravessar essa ponte entre o ontem e o amanhã. Concluindo, Onimusha 2: Samurai’s Destiny é um bom jogo, envolvente e ainda divertido. Mas também é datado, visualmente desigual e limitado nas inovações. Como entrada nostálgica, funciona bem. Como relançamento com ambições modernas, fica aquém. E é isso.

*Review feita em um PC equipado com uma GeForce RTX, com código fornecido pela Capcom.

Onimusha 2: Samurai’s Destiny

R$ 129,90+
7.8

História

7.8/10

Jogabilidade

8.0/10

Gráficos e sons

7.8/10

Extras

7.6/10

Prós

  • A remasterização preserva com respeito a essência do título lançado em 2002
  • Inclusão de modos de dificuldade
  • Legendado em português brasileiro
  • Visuais em HD com proporção 16:9

Contras

  • Ainda carrega limitações técnicas e estruturais típicas da era PS2
  • Câmeras fixas continuam problemáticas
  • Falta de melhorias mais profundas no remaster

Álvaro Saluan

Historiador e cientista social de formação, é completamente apaixonado por videogames e escreve sobre o tema há uns bons anos. Vê os jogos para além do entretenimento, considerando todo o processo como uma grande e diversificada arte.