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Base Direct Drive Fullmetal3D FM2 | Review

Finalmente, depois de um bom tempo de espera, a nossa review sobre o tão falado Direct Drive feito com motor de hoverboard está disponível! Se, assim como eu, você é fã de automobilismo virtual, já deve ter ouvido falar dessa gambiarra… digo, digo… DIY (do it yourself, ou faça você mesmo, em claro português). Fugindo dos preços surreais de marcas como Moza, Simagic, Fanatec que, diga-se de passagem, são excelentes, a ideia aqui é ter qualidade, mas sem gastar os olhos da cara. Diante desta situação, tive a oportunidade de conseguir minha própria base DD, a Fullmetal3D FM2, para fazer todos os testes possíveis, e contarei cada detalhe aqui para vocês nesta análise. Confira!

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O modelo em detalhes. (Imagem: Fábio Rodrigues/Edição)

Do hoverboard para o grid de largada

Cara, essa ideia é muito louca, mas totalmente funcional. E isso fica nítido ao entendermos o básico da engenharia por trás disso, que é tão criativa quanto eficiente. No meu caso, a base Direct Drive utiliza um motor brushless de hoverboard, que gira suave, sendo bem silencioso e entregando torques de até 15 Nm. Na real, só não é tão silencioso por conta da escolha do criador em colocar uma ventoinha, para segurar a base em temperaturas melhores. De qualquer maneira, não dá nem pra ouvir durante a corrida. Particularmente, mesmo com algumas leves falhas de projeto, por ser um dos primeiros do Fábio, ele é simplesmente absurdo!

Só para se ter uma ideia, eu estava bem-acostumado com meu modesto, mas eficaz, Logitech G29 e, sinceramente, o salto de qualidade é simplesmente absurdo. Eu mesmo não acreditei quando peguei o volante pela primeira vez. E não é só pela questão da força bruta exercida pelo motor, infinitamente mais realista. Há também a questão de uma resposta muito mais precisa e uma conexão com o asfalto virtual que faz você sentir cada pedra da zebra. Só para vocês terem ideia, meu cockpit vibra o tempo todo, dando uma imersão ainda mais interessante para a jogatina.

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Essa é a parte interna do Direct Drive. (Imagem: Fábio Rodrigues)

Outra coisa que notei de cara foi a facilidade de sentir o carro em seus mínimos detalhes. Consequentemente, fica muito mais fácil de evitar as famosas traseiradas, que ficam muito mais explícitas na força e na vibração da base. Por exemplo, em Assetto Corsa Competizione, costumava dar uma traseirada ou outra em algumas curvas, algo da partida. Porém, com este Direct Drive, eu consigo antever a trajetória do carro, evitando assim rodar ou até mesmo bater. Parece besteira, mas não é. Aliás, todos que usavam uma base DD já haviam me falado isso. O que fiz foi somente confirmar.

Vamos falar sobre o projeto da base Direct Drive Fullmetal3D FM2

O que impressiona nesta base Direct Drive potente e precisa, é a simplicidade do conceito: um motor brushless de um antigo hoverboard, uma placa controladora (a famosa ODESC 4.2), um encoder para dar precisão na leitura da posição do volante, um resistor de frenagem, uma boa ventoinha e, para deixar a coisa ainda mais profissional, um sensor de temperatura da base, algo essencial para manter tudo sob controle. E cada um desses detalhes é controlado pelo FFBeast (mas é possível usar outros) e configurado por meio de um menu bem prático, com direito a ajustes finos de torque, suavização, temperatura e resposta do force feedback. Existem mais opções na versão paga, mas não são essenciais.

Com isso, temos um resultado surpreendente, com uma base que entrega desempenho de ponta por um terço do preço de uma base comercial e, em muitos casos, com um nível de customização que você jamais teria em produtos de prateleira. É claro, uma base pronta, preparada, com software e tal é simplesmente sensacional. Mas pagar R$ 10.000,00 em um kit para SIMULAR um carro não é, particularmente, um objetivo de vida para mim. Por enquanto, os projetos de bases Direct Drive estão cada vez mais detalhados, dando um banho nos modelos de marcas como Logitech e PXN. Talvez perca apenas no quesito software e design, mas esses são somente alguns detalhes.

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O modelo em sua fase de testes. (Imagem: Fábio Rodrigues)

O barato que entrega o que é caro

Já que tocamos no assunto, vamos falar um pouco mais de dinheiro, money, bufunfa, colocando as coisas no papel só para comparar. Segundo quem já montou (ou comprou montado de quem entende do assunto), como o Fábio Rodrigues, o criador desta versão analisada, dá pra fazer um Direct Drive decente por algo em torno de R$ 1.000,00 a R$ 1.500,00. Isso mesmo. Enquanto uma base pronta de qualidade pode ultrapassar os R$ 10.000,00, como disse anteriormente, esse modelo caseiro usa peças acessíveis, reaproveita componentes e entrega uma qualidade absurda.

E tem mais: por ser um projeto DIY, você escolhe tudo: o tipo de aro, o botão que vai usar, o acabamento da carcaça, a estética da base, até o estilo de ventoinha. Quer um display com temperatura do motor? Pode colocar. Quer pintar com as cores da sua equipe favorita? Manda ver! Aqui, o limite é só a sua criatividade, e talvez seu conhecimento de eletrônica, mas isso a comunidade ajuda. No meu caso, sou uma grande negação para essa parte. Por conta disso, deixei tudo nas mãos do Fábio, que ia explicando o passo-a-passo. Com isso, acabei aprendendo um pouco, o que foi bem bacana, inclusive para escrever esta análise.

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O sensor de temperatura é mais um mecanismo de segurança para nós, jogadores. (Imagem: Fábio Rodrigues)

E o force feedback? Funciona em consoles?

Se tem um ponto onde essa base brilha é no force feedback. Cara, a precisão que esse tipo de motor entrega é absurdamente superior aos modelos de entrada. É como se o carro falasse com você o tempo todo; a diferença é que agora você entende melhor cada palavra, cada vibração, cada zebra… As respostas são rápidas, diretas e extremamente configuráveis. É possível ajustar tudo: a intensidade do torque, o tempo de resposta, os filtros de vibração e até como o volante reage quando você pisa fora da pista. O volante é realmente pesado, e isso é muito nítido na jogabilidade, dando uma sensação de realismo sem igual.

No G29, por exemplo, eu poderia virar o volante todo a 300km/h sem nenhum problema. No Direct Drive, se você estiver em alta velocidade, o volante exerce uma força absurda, nos fazendo virar o carro no limite possível. É como se uma força agisse contra a sua força ao girar o volante, nos prevenindo de fazer movimentos que comprometam o grip do automóvel, nos fazendo perder o controle. Quando percebi isso pela primeira vez, fiquei extremamente surpreso. Afinal de contas, eu realmente me sentia no controle do carro.

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A sensação de velocidade é bem realista. A base vibra a cada curva, cada zebra. (Imagem: Fábio Rodrigues)

E não é exagero quando digo que com essas bases Direct Drive, você sente a traseira escapando com um detalhe que antes passava totalmente batido. No G29, quando eu via que ia rodar, já era tarde. Com isso, a curva de aprendizado fica mais realista, e o controle muito mais refinado. Quem curte Assetto Corsa, iRacing e outros jogos com volante, vai sentir a diferença de cara. Aliás, fica aqui um aviso: se você perder o controle do carro, solte o volante, pois a pancada é forte, e ele vai ficar girando sem parar. Ao tirar as mãos, você evita lesões ou até mesmo estragar o aro. Até nisso a simulação fica mais realista, acredite.

Outra pergunta que fazem constantemente é se a base Direct Drive feita com motor de hoverboard funciona com consoles. Pois bem, não é tão simples como ligar e jogar no PC, mas funciona. Isso é possível por meio de um adaptador chamado GIMX, que permite que o volante DIY possa ser reconhecido como um G29, funcionando normalmente no PlayStation ou Xbox. É uma gambiarra? É. Mas é daquelas que funcionam tão bem que você até esquece que não comprou na loja. O importante mesmo é funcionar!

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Configurar o FFBeast é bem tranquilo, mesmo em sua versão gratuita. A paga, por sua vez, libera diversas funções e filtros. (Imagem: Divulgação)

Afinal… vale a pena adquirir um volante Direct Drive Fullmetal3D FM2?

Se você curte realmente o automobilismo virtual em seus mínimos detalhes, tendo um perfil mais técnico, ou gosta de montar suas próprias coisas, ou simplesmente não está disposto a vender o carro da família para comprar um volante de R$ 12.000,00, a resposta é: vale demais comprar uma base Direct Drive Fullmetal3D FM2. E mesmo que você não saiba montar, dá para comprar pronto com gente especializada, como o próprio Fábio ou outros membros ativos da comunidade de simracing nacional. É claro, não é precisamente a mesma coisa que um Fanatec, seja em questão de suporte ou ligar e jogar, mas também não deve tanto assim para o primo rico.

A única ressalva que faço, mesmo não tendo sido eu mesmo o montador da minha base é: tenha paciência. Montar um Direct Drive não é como encaixar um LEGO. Exige cuidado, leitura de fóruns, vontade de aprender e, sim, estar pronto para errar uma, duas ou sei lá quantas vezes. Felizmente, com a ajuda da comunidade, os tropeços viram aprendizado, e o resultado é algo único. Particularmente, mesmo com alguns probleminhas de desing, a qualidade do jogo melhorou absurdamente, e tudo isso serviu de exemplo para o modelo futuro de base Direct Drive que o Fábio irá lançar. Esse era só um protótipo, então, algo bem melhor está por vir, e eu farei a análise, claro!

Em minha experiência com o Direct Drive Fullmetal3D FM2, nem tudo foi perfeito: o projeto teve algumas falhas, como o motor ficar meio “solto” na direção, algo que foi conversado com o desenvolvedor, que prontamente se colocou disposto a acertar todos os problemas. É claro, quando algo é feito de maneira artesanal, existem muitas variáveis. E a ideia do criador deste projeto é a de justamente padronizar o processo, evitando assim essas potenciais questões. Mas, faz parte da coisa, e é super compreensível, embora algumas pessoas possam ficar frustradas. Felizmente, o apoio do Fábio é constante, e ele ajuda em tudo o que pode.

Concluindo, em minha modesta opinião de um entusiasta do automobilismo virtual, a base Direct Drive DIY é, sem exagero, uma das melhores surpresas que tive em 2025 no quesito qualidade, preço e criatividade. Ela é incrível, entregando torque, precisão, realismo e personalização em um nível que surpreende. E o melhor de tudo: você não precisa gastar todo o seu dinheiro para isso. Afinal, o valor é quase que uma prestação de uma base dessas mais robustas. Portanto, essa base Direct Drive é a prova viva de que paixão, criatividade e um motor de hoverboard podem levar você muito mais longe do que se imagina no mundo do automobilismo virtual.

O criador do projeto desta review, o Fábio, está vendendo a base atualizada em duas versões: R$ 2700,00 sem o aro e a R$ 3200,00 com o aro. Daí é uma escolha sua. Caso você já tenha um volante, é só falar com ele e ver qual tipo de quick release adaptar. Para entrar em contato com ele, acesse o WhatsApp, Facebook ou a loja virtual. Vale ressaltar que, como a base é feita de maneira artesanal, leva um tempinho para ficar pronta, algo em torno de 1 mês.


Base Direct Drive Fullmetal3D FM2

R$ 2700,00+
8.5

Construção

8.8/10

Controle e jogabilidade

9.0/10

Customização

8.8/10

Outros detalhes

8.4/10

Projeto

7.4/10

Prós

  • Controles muito mais precisos
  • Precisão nas curvas e facilidade de corrigir traseiradas
  • Customização pelo FFBeast é bem variada, mesmo na versão grátis
  • Case feita em impressora 3D com pintura automotiva é bonita e discreta
  • Assistência do desenvolvedor foi essencial para a montagem

Contras

  • Versão do volante carece de algumas padronizações nos furos
  • Dificuldade em adaptar alguns quick releases
  • Visual pode ser mais polido
  • Quick release que acompanha deixou a desejar
  • Projeto precisa de padronização e acertos

Álvaro Saluan

Historiador e cientista social de formação, é completamente apaixonado por videogames e escreve sobre o tema há uns bons anos. Vê os jogos para além do entretenimento, considerando todo o processo como uma grande e diversificada arte.