DOOM: The Dark Ages | Review
Não dá para falar de videogames sem mencionar DOOM. Trata-se simplesmente da maior e mais importante franquia de jogos de tiro em primeira pessoa de todos os tempos. Por isso, quando um novo capítulo dessa série chega às nossas mãos, é motivo de festa e comemoração — afinal, é a certeza de que teremos um jogo impressionante, visualmente impactante, bem desenvolvido e, acima de tudo, extremamente divertido.
Sabendo disso, DOOM: The Dark Ages sempre foi o meu jogo mais aguardado para 2025, mesmo antes do adiamento de Grand Theft Auto VI.
A franquia já passou por altos e baixos, mas atualmente podemos dizer que DOOM vive um de seus melhores momentos. DOOM (2016) e DOOM Eternal são títulos incríveis, cada um com suas particularidades — o primeiro mais focado em tiroteios intensos em ambientes fechados, e o segundo com ênfase em combate ágil e verticalizado.
E eis que a Bethesda nos convidou para testar DOOM: The Dark Ages, o mais novo capítulo da franquia, que promete explorar uma fase nunca antes contada do passado do nosso querido Doom Slayer.
Hoje, estou aqui para contar se DOOM: The Dark Ages consegue, de forma competente, misturar esse amontoado de boas ideias — demônios, soldados espaciais, magias, Idade Média, robôs gigantes, dragões, alienígenas e muito mais. Para entender melhor essa loucura toda, vem comigo para mais uma análise antecipada do Pizza Fria!
O que é DOOM: The Dark Ages?
DOOM: The Dark Ages quase dispensa muitas apresentações, mas vamos lá! Trata-se de um jogo de tiro em primeira pessoa com foco em ação intensa, alta dificuldade e combates em arenas repletas de inimigos variados. A proposta obriga o jogador a adotar uma abordagem estratégica, utilizando as armas certas para cada situação e enfrentando inimigos específicos de forma inteligente.
O enredo de DOOM: The Dark Ages se passa muitos anos antes dos eventos do DOOM de 2016, que marcou o reboot da franquia. Nesta nova fase, a tecnologia humana se mistura com uma estética medieval, trazendo elementos como magias, bruxas, magos e, claro, inúmeros demônios. Visualmente, o jogo se destaca por essa fusão entre o místico e o tecnológico — uma combinação que, embora extravagante, torna a experiência ainda mais divertida. Afinal, quem não acha incrível enfrentar um dragão com asas a laser movidas por turbinas?

Inserido nesse universo único, o jogo apresenta um foco maior na narrativa, com diversas cutscenes que aprofundam a história, exploram novos personagens, além do próprio Doom Slayer e os vilões inéditos. Isso representa uma mudança significativa em relação aos jogos anteriores da série, onde a narrativa sempre teve um papel secundário, com foco quase exclusivo na jogabilidade.
A trama tem início com o Doom Slayer sendo escravizado pelo povo Maykr — uma raça de seres meio alienígenas, meio celestiais — que o utiliza como arma de guerra para auxiliar (ou não) os humanos em seu confronto contra os demônios. O objetivo dos inimigos é conquistar um artefato poderoso que está sob posse dos humanos, e é nesse conflito que o jogador se encontra. Essa é a premissa inicial do jogo.
Apesar do esforço narrativo, com a introdução de personagens como o rei e a princesa do reino humano, o drama pessoal desses protagonistas é pouco envolvente e acaba sendo facilmente esquecível. Embora o foco narrativo seja uma adição interessante, DOOM: The Dark Ages não consegue desenvolver a história de forma cativante — e talvez nem fosse necessário. No fim das contas, essa camada narrativa funciona apenas como pano de fundo para justificar a ação frenética que define o game, sem se destacar como um ponto forte.

O Combate
O foco central de todos os títulos da franquia DOOM sempre foi o combate — e, em DOOM: The Dark Ages, isso não é diferente. Como mencionei anteriormente, em DOOM (2016), o jogador enfrentava hordas de inimigos em corredores estreitos; já em DOOM Eternal, a mobilidade extrema permitia praticamente voar durante os confrontos. Aqui, em DOOM: The Dark Ages, a filosofia é outra: ficar e lutar.
Essa proposta ganha força com a introdução do escudo, um elemento central da nova jogabilidade. O escudo possui diversas funcionalidades — algumas delas envolvem spoilers, então vou evitá-las para não comprometer sua experiência. No entanto, o que posso adiantar é que a inclusão do escudo transforma DOOM: The Dark Ages em algo mais próximo de Sekiro: Shadows Die Twice do que do DOOM tradicional. Isso porque sua principal utilidade é refletir projéteis, aparar golpes inimigos e defender o jogador em situações críticas.
Outro ponto importante é que, neste título, não há nenhum sistema de esquiva. Não há dash, rolamentos ou outras formas de se afastar rapidamente do perigo. O game exige enfrentamento direto, cara a cara com os demônios. O jogador deve aprender a aparar, atirar na hora certa e utilizar seu vasto arsenal com inteligência, de acordo com cada situação.
Essa abordagem torna a experiência mais metódica e estratégica, aproximando o jogo de um estilo Soulslike, especialmente Sekiro, do que de um shooter frenético como os anteriores. Os combates continuam intensos, mas agora exigem mais precisão e leitura de combate, desafiando o jogador a decidir se é melhor atacar, se defender ou aparar um golpe no momento certo.

O Arsenal
Além do escudo — que certamente é a maior e mais impactante mudança na fórmula —, DOOM: The Dark Ages apresenta diversas armas inéditas para se adequar ao novo estilo de jogo. Ao mesmo tempo, armamentos clássicos também retornam, mas com adaptações importantes. Um exemplo é a icônica Super Shotgun, que agora dispara mais lentamente, mas causa um dano significativamente maior, sendo ideal para acertar os inimigos nos momentos de vulnerabilidade após seus ataques.
O game conta com um arsenal vasto, no qual cada arma tem uma função específica. As armas de choque, por exemplo, são úteis para quebrar escudos de energia e controlar o posicionamento dos inimigos. Já os armamentos explosivos são ideais para eliminar grupos numerosos, enquanto outras armas são mais eficazes contra armaduras metálicas pesadas.
Esse novo conjunto de armas reforça a proposta diferenciada de DOOM: The Dark Ages, que prioriza combates mais lentos, metódicos e contra inimigos mais resistentes. O sistema de parry (deflexão) torna-se essencial para quebrar a postura dos monstros mais poderosos. Além disso, as armas são mais pesadas, com cadência de tiro reduzida e troca de equipamento mais demorada — o que exige atenção redobrada a cada disparo.
Cada tiro conta, e qualquer erro pode ser fatal. A dinâmica lembra muito a de Sekiro: Shadows Die Twice, onde o ritmo do combate e o tempo de reação são cruciais para sobreviver.

Os Inimigos
Os inimigos sempre foram protagonistas marcantes na franquia DOOM. Afinal, quem não se lembra do visual icônico dos demônios? Para os fãs da série, cada inimigo representa muito mais do que um obstáculo — eles são peças fundamentais na dinâmica do combate, oferecendo ameaças variadas: alguns atacam à distância, outros de perto; alguns voam, outros são mais agressivos ou extremamente resistentes. E cada um exige estratégias específicas para ser derrotado. Essa variedade sempre foi uma das maiores qualidades da série, e é isso que os jogadores mais apreciam em DOOM.
Em DOOM: The Dark Ages, diversos inimigos clássicos estão de volta, mas com visuais reformulados e, principalmente, com comportamentos diferentes — por vezes, completamente opostos ao que conhecíamos. Um exemplo é um inimigo que, em jogos anteriores, era conhecido por pressionar o jogador com ataques corpo a corpo, forçando decisões rápidas. Agora, em DOOM: The Dark Ages, ele prefere manter distância e disparar projéteis.
Essa mudança, em particular, me pareceu desfavorável, pois elimina características marcantes de inimigos consagrados da franquia. Entendo que muitas dessas alterações foram feitas para se adequar à nova filosofia de combate, centrada no uso do parry. De fato, essa mecânica muda toda a lógica de comportamento dos demônios.
No entanto, esperava que a id Software fosse mais criativa ao adaptar esses personagens ao novo estilo de jogo. Em vez de reformular seus comportamentos mantendo suas essências, o estúdio optou por criar novos inimigos com nomes antigos — o que compromete a sensação de nostalgia e enfraquece a identidade de figuras clássicas. Salvo raras exceções, os demônios de DOOM: The Dark Ages soam como personagens novos, com pouco carisma ou personalidade reconhecível, apesar de carregarem os mesmos nomes de antes.

Vale a pena comprar DOOM: The Dark Ages?
No fim das contas, DOOM: The Dark Ages é mais DOOM — e, se você, assim como eu, é fã da franquia, isso já é motivo mais do que suficiente para testar o jogo. No entanto, é importante destacar que este título adota uma abordagem completamente diferente da vista anteriormente na série. Trata-se de uma experiência mais metódica, focada em memorizar os padrões de ataque dos inimigos e chefes. E isso é executado com competência, resultando em uma jornada extremamente divertida e desafiadora.
Ainda assim, DOOM: The Dark Ages se destaca por motivos distintos de DOOM (2016) e DOOM Eternal. Por isso, não seria surpreendente se alguns fãs se sentissem decepcionados com as mudanças significativas na jogabilidade, nos inimigos ou na movimentação. Em outras palavras, este é um jogo corajoso, que ousa inovar e reinventar uma fórmula já consolidada e adorada. Essa reinvenção traz um novo fôlego à franquia, apresentando ideias frescas — algumas acertam em cheio, outras nem tanto —, mas que, no geral, moldam um excelente jogo de ação e, acima de tudo, um excelente DOOM.
DOOM: The Dark Ages será lançado no dia 15 de maio para Xbox Series X|S, PlayStation 5, PC, via Steam e Battle.net. O título também estará disponível no catálogo do Xbox Game Pass no lançamento, tanto no PC, quanto nos consoles. Quem comprar a Edição Deluxe, terá acesso antecipado de dois dias.
*Review elaborada em um PC equipado com uma GeForce RTX, com código fornecido pela Bethesda.