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Gears of War: Reloaded | Preview

Gears of War consolidou-se como uma das franquias mais bem-sucedidas da história do Xbox. Ao lado de Halo, a saga de Marcus Fênix em um mundo devastado por criaturas monstruosas tornou-se um dos pilares da Microsoft durante a era do Xbox 360. O impacto foi tão significativo que a companhia optou por adquirir os direitos da franquia, transformando os lançamentos subsequentes — até Gears of War: Judgment — em títulos exclusivos da plataforma.

Com o passar dos anos, contudo, a Microsoft iniciou uma aproximação mais sólida com o público de PC. O lançamento do Game Pass para computadores, bem como a estratégia de disponibilizar seus exclusivos simultaneamente para Windows, representou um avanço considerável. Um dos primeiros reflexos positivos dessa nova filosofia ocorreu em 2015, com o lançamento de Gears of War: Ultimate Edition, uma versão completamente refeita do título original — e um marco por inaugurar a presença da série Gears nos computadores.

Apesar do sucesso inicial, o lançamento da Ultimate Edition foi marcado por diversos problemas técnicos. A experiência multiplayer sofreu com falhas de conexão recorrentes, a Microsoft Store — ainda engatinhando no ecossistema PC — enfrentava instabilidades constantes, e o jogo apresentava sérios problemas de otimização em determinados trechos. Muitos desses problemas infelizmente não foram completamente resolvidos até hoje.

Ainda assim, é inegável que Gears of War foi responsável por romper paradigmas que por muito tempo definiram a identidade do Xbox, principalmente ao dar seus primeiros passos fora do console em 2015. Agora, surpreendendo novamente, a franquia quebra outra barreira ao anunciar a chegada de Gears of War: Reloaded — uma remasterização da própria Ultimate Edition — ao PlayStation 5. Trata-se de um movimento histórico para uma das franquias mais emblemáticas da Microsoft.

Com lançamento previsto para o dia 26 de agosto, Reloaded promete uma experiência técnica aprimorada, com suporte à resolução 4K, até 120 quadros por segundo no modo multiplayer, além de recursos visuais como HDR, Dolby Vision e áudio espacial 7.1.4. A desenvolvedora também destaca que o título foi otimizado para garantir alto desempenho em todas as plataformas.

Mesmo com a proximidade do lançamento, os jogadores puderam testar uma prévia do novo título em um período de beta fechado, que ocorreu entre os dias 13 e 15 de junho. Durante esse intervalo, foi possível explorar as melhorias implementadas no modo multiplayer e observar o que a nova edição tem a oferecer aos fãs de longa data — e também aos novatos que irão experimentar a série pela primeira vez.

O Pizza Fria teve acesso ao beta e, a seguir, você confere nossas impressões sobre o multiplayer de Gears of War: Reloaded e as novidades que moldam esta nova fase da franquia.

O clássico Mata-Mata em equipe mais frenético do que nunca

A versão beta de Gears of War: Reloaded ofereceu aos jogadores um vislumbre do que esperar do modo multiplayer do remaster. Disponível entre os dias 13 e 15 de junho, o teste trouxe o clássico modo Mata-Mata, jogável em três mapas icônicos da franquia: Gridlock, Raven Down e Golden Rush. Nesta modalidade, duas equipes compostas por quatro jogadores — representando, respectivamente, os soldados da CGO e as forças do subterrâneo Locust — se enfrentam em confrontos intensos até que uma das formações esgote um limite de dez ressuscitações ou o tempo da partida chegue ao fim.

Embora seja uma proposta bastante simples, sem objetivos adicionais como captura de território ou controle de áreas, o jogo já demonstrou, mesmo nesta fase de testes, um ritmo acelerado e combates extremamente envolventes. O suporte a crossplay entre PlayStation 5, Xbox e PC contribuiu para ampliar a base de jogadores, incluindo uma nova leva de usuários novatos na franquia. Essa diversidade de experiência entre os participantes criou uma dinâmica curiosa e divertida: o típico “caos organizado” das fases iniciais de um multiplayer online, quando muitos ainda estão se familiarizando com as mecânicas básicas do gameplay.

Gears of War: Reloaded
O modo Mata-Mata de Gears of War: Reloaded continua empolgante e divertido. (Imagem: Reprodução)

E por falar em mecânicas, o multiplayer de Reloaded difere substancialmente de outros jogos competitivos online da atualidade. A começar pela perspectiva em terceira pessoa, os jogadores iniciam cada partida equipados com uma metralhadora, uma escopeta (a icônica Gnasher) e granadas.

Cada elemento do arsenal exige uso estratégico: os confrontos não são simples trocas de tiros, mas embates táticos, em que saber o momento certo para se manter em cobertura, recuar ou investir em um ataque agressivo pode ser o diferencial entre a vitória e a derrota. A escopeta, especialmente, protagoniza os duelos mais intensos, com combates corpo a corpo que dependem de reflexos rápidos e domínio do sistema de esquivas. As granadas, por sua vez, servem tanto como armas letais quanto como ferramentas de distração, especialmente no uso de bombas de fumaça.

Durante as partidas, também é possível encontrar armamentos adicionais espalhados pelo mapa, o que introduz um elemento de imprevisibilidade — nem sempre positivo. A fidelidade à Ultimate Edition traz consigo, infelizmente, os mesmos problemas de balanceamento. Um exemplo notável é a sniper, capaz de eliminar o oponente com um único disparo, cuja mira é absurdamente fácil de manejar. Essa arma, quando dominada por um jogador habilidoso ou as vezes nem tanto, pode desequilibrar a partida, quebrando o ritmo tático e transformando a experiência em um exercício de frustração: os oponentes são obrigados a se manter em cobertura ou realizar investidas suicidas para neutralizar o atirador.

Gears of War: Reloaded
O balanceamento de armas poderia ser melhor em alguns aspectos, principalmente em relação as snipers. (Imagem: Reprodução)

Apesar disso, os momentos de confronto direto continuam sendo o ápice da experiência multiplayer de Reloaded. O embate frente a frente, em que as únicas opções são disparar no momento certo ou realizar uma evasiva precisa para sobreviver, gera uma adrenalina difícil de replicar em outros shooters.

Outro ponto que merece destaque é a movimentação do personagem, que continua rígida e pesada — uma escolha que pode causar estranheza aos novatos, especialmente àqueles acostumados com a fluidez de Gears 5. No entanto, considero essa decisão acertada. Manter-se fiel ao ritmo cadenciado do original reforça o caráter tático do jogo e preserva a essência da franquia, cuja identidade está atrelada a esse estilo de gameplay. Alterações drásticas na movimentação poderiam comprometer o equilíbrio dos mapas, projetados desde o início com uma abordagem mais contida e estratégica em mente.

Contudo, nem tudo foi perfeito durante o período de testes. Ainda que a beta tenha deixado uma impressão majoritariamente positiva, alguns aspectos demonstraram que o título ainda precisa de polimento antes de seu lançamento final.

Sérios problemas de matchmaking

Apesar das boas impressões iniciais, a versão beta de Gears of War: Reloaded também apresentou falhas técnicas importantes — e o matchmaking, sem dúvida, foi uma das maiores fontes de frustração. Mesmo com a funcionalidade de crossplay ativada, o sistema de pareamento demorava excessivamente para encontrar partidas, e, quando conseguia, era comum que os jogadores enfrentassem desconexões inesperadas. Em várias ocasiões, fui desconectado das partidas com mensagens de erro relacionadas à conexão, perdendo o progresso acumulado. Mais preocupante ainda era o fato de que, após essas quedas, o jogo frequentemente não conseguia me colocar de volta em uma nova sessão, exigindo que eu reiniciasse o game por completo e aguardasse novamente por longos minutos até encontrar uma nova sala.

Gears of War: Reloaded
Gears of War: Reloaded infelizmente apresentou vários problemas de conexão durante o beta. (Imagem: Reprodução)

Curiosamente, ao desativar o crossplay, percebi uma leve redução nos problemas de estabilidade, ainda que a lentidão no processo de matchmaking se tornasse ainda maior. Isso revela um ponto crítico: mesmo com a base de jogadores ampliada graças ao suporte a múltiplas plataformas, o sistema ainda carece de ajustes para garantir estabilidade e eficiência no pareamento. É necessário que a desenvolvedora trabalhe em melhorias substanciais nesse aspecto até o lançamento oficial em agosto.

Gráficos e desempenho

Do ponto de vista técnico e visual, Gears of War: Reloaded não representa uma revolução em comparação à Ultimate Edition de 2015, especialmente para os jogadores de PC que, na época, já desfrutavam de gráficos superiores aos oferecidos no Xbox One. Ainda assim, é possível perceber avanços visuais pontuais e bem-vindos. A nitidez das texturas foi visivelmente aprimorada, com modelos de personagens e cenários agora apresentando resolução 4K, o que contribui para uma experiência visual mais refinada e atualizada.

Outro destaque importante está na implementação do DLSS, que melhora significativamente a qualidade do antisserrilhado — um dos pontos fracos da edição de 2015.

Gears of War: Reloaded
Apesar de melhorias visuais singelas, as texturas em 4K tornam os cenários e modelos de personagem mais nítidos. (Imagem: Reprodução)

No que diz respeito à otimização, a versão beta surpreendeu positivamente. Rodando em um sistema equipado com Ryzen 5 5600 e uma RTX 3060, em resolução 1440p com configurações no máximo e uso do DLAA, consegui manter uma média de 90 quadros por segundo, sem qualquer queda de desempenho ou travamentos. Alternando para o modo de qualidade do DLSS, o desempenho saltou para impressionantes 130 FPS, mantendo a fluidez e a responsividade em combates intensos. Essa performance sólida representa um avanço importante em relação à Ultimate Edition, que sofria com diversos problemas de otimização na época de seu lançamento.

O que esperar de Gears of War: Reloaded?

A beta do multiplayer de Gears of War: Reloaded deixou claro que, mesmo após tantos anos, a fórmula clássica da franquia ainda é capaz de proporcionar uma experiência online empolgante. A dinâmica dos confrontos, o ritmo cadenciado e o estilo de combate tático continuam eficazes, oferecendo aos jogadores uma alternativa sólida aos shooters mais frenéticos e padronizados do mercado atual.

Entretanto, o estado técnico da beta levanta preocupações legítimas sobre a estabilidade da versão final, especialmente no que se refere ao matchmaking. A frequência de quedas, os erros de pareamento e a necessidade de reinicializações constantes comprometem a experiência e podem afastar jogadores justamente no período mais crítico: o lançamento.

Falando em aprimoramentos, é importante destacar que, apesar de se chamar de “remaster”, Gears of War: Reloaded não oferece avanços substanciais quando comparado à Ultimate Edition de 2015 — especialmente na versão para PC, que já apresentava visuais de alta qualidade. As melhorias existem, como o uso de texturas em 4K e a implementação de tecnologias modernas como o DLSS e o HDR, mas seu impacto é limitado para quem já experimentou o título em hardware mais potente. Por outro lado, nos consoles, os ganhos prometidos são bem mais expressivos: suporte a resolução 4K, até 120 FPS no multiplayer e recursos de áudio espacial colocam esta versão como, de fato, a mais avançada já lançada para consoles.

Neste contexto, é difícil ignorar que a grande novidade de Reloaded não está necessariamente nos seus aprimoramentos gráficos ou ajustes técnicos, mas sim no seu lançamento multiplataforma. Pela primeira vez, a jornada de Marcus Fenix será vivenciada por jogadores no PlayStation 5, rompendo um paradigma histórico de exclusividade da marca Xbox. Para usuários do PS5 Pro, em especial, a promessa é de acesso à melhor versão do jogo nos consoles, com desempenho otimizado e fidelidade visual superior.

Gears of War: Reloaded é desenvolvido pela Microsoft e a The Coalition e chega no dia 26 de agosto de 2025 para Xbox Series X|S, Xbox para PC, Xbox Cloud GamingPlayStation 5 e PC, via Steam. Vale lembrar que os jogadores que possuem a Ultimate Edition no Xbox ou PC, receberão a nova versão gratuitamente. O título também estará disponível no lançamento como parte do catálogo do Game Pass Ultimate e PC Game Pass.

*Preview elaborada em um PC equipado com uma GeForce RTX, com código fornecido pela Microsoft.

Leandro Paiva

Um estudante de jornalismo e o primeiro estagiário do site. Degustador nato de coxinha e pizza fria com ketchup. Amante de RPG, principalmente aqueles em que é possível pescar em vez de fazer a missão principal. Piadista em tempo integral e um grande degustador de café. Defensor de Birds of Prey e da DC em geral nas horas vagas.