Lies of P: Overture | Review
Tenho uma relação bastante peculiar com Lies of P. Quando joguei o título pela primeira vez para a análise publicada no Pizza Fria, confesso que estava tomado por certas dúvidas e reservas em relação ao jogo. Isso porque o gênero soulslike, há algum tempo, passou a ocupar um espaço de maior destaque no mercado, saindo daquele nicho restrito em que apenas estúdios como a FromSoftware e a Team Ninja se aventuravam com qualidade consistente.
Com o aumento da popularidade, naturalmente surgiu uma enxurrada de novos títulos tentando replicar a fórmula, muitos deles, infelizmente, com um nível de execução abaixo do esperado. Foi nesse contexto que minha experiência inicial com Lies of P acabou sendo menos positiva do que poderia ter sido.
Na ocasião, realizei diversas comparações com Bloodborne, o que é compreensível, dado que as influências são visíveis em vários aspectos do jogo — da ambientação ao combate. No entanto, percebo hoje que acabei negligenciando os elementos originais e os méritos próprios de Lies of P, o que comprometeu minha avaliação inicial. Essa é, inclusive, uma postura recorrente entre os fãs mais puristas do gênero, muitos dos quais tendem a rejeitar qualquer tentativa de soulslike que não tenha saído das mãos da própria FromSoftware.
Entretanto, tudo mudou no início de 2024, quando assisti ao belíssimo filme do Pinóquio, dirigido por Guillermo del Toro. A obra me impactou de tal forma que decidi revisitar Lies of P com um novo olhar — desta vez, sem pressa, no meu próprio ritmo, absorvendo cada mecânica e detalhe narrativo que o jogo tinha a oferecer. Para minha surpresa, a experiência foi não apenas positiva, como também excepcional. Descobri nuances e soluções de design que considero inovadoras dentro do gênero, o que me fez reavaliar completamente minha visão anterior sobre o título.
Com essa nova perspectiva, fiquei bastante animado com o anúncio da DLC Overture. A promessa de explorar os eventos anteriores à queda de Krat e expandir ainda mais o enredo do jogo original elevou minhas expectativas. E com o lançamento surpresa da expansão durante o Summer Game Fest, tivemos a oportunidade de mergulhar novamente nesse universo sombrio e intrigante ao lado de P.
Mas a grande questão é: será que Overture está à altura do legado deixado pelo jogo base? A nova DLC consegue entregar uma jornada épica e memorável? Convido você a descobrir as respostas agora, em mais uma análise completa aqui no Pizza Fria.
Trilhando o caminho da Stalker Lendária
A narrativa de Lies of P foi, sem dúvida, um dos elementos que mais me cativaram durante a minha segunda jornada pelo jogo. Após dedicar tempo à leitura dos documentos espalhados pelo cenário e compreender melhor os eventos por trás da queda de Krat, ficou evidente o cuidado meticuloso da equipe de desenvolvimento em construir um enredo coeso e imersivo. A história não apenas se desenrola de maneira intrigante, como também está profundamente entrelaçada com os personagens que habitam esse mundo melancólico — desde os aliados que encontramos no Hotel Krat, com quem é possível estabelecer diálogos significativos, até os inúmeros inimigos que enfrentamos, cada um com simbologias e propósitos narrativos bem definidos.
Um dos momentos mais marcantes do jogo base para mim foi, sem dúvida, a passagem pela casa de ópera, onde somos confrontados por bailarinas robóticas. Esse tipo de detalhe, que combina ambientação, design de inimigos e contexto narrativo, é o que confere profundidade e autenticidade ao mundo de Lies of P. São escolhas de direção artística e narrativa como essa que despertam a curiosidade do jogador e reforçam a vontade de explorar cada canto de Krat em busca de respostas e significados ocultos.

Diante disso, era natural esperar que a expansão Overture mantivesse esse mesmo nível de envolvimento narrativo — e, de fato, a nova aventura começa de forma bastante promissora, despertando novamente a curiosidade do jogador. Após a conclusão do capítulo 9 no jogo base, um item misterioso aparece no inventário de P, e ao utilizá-lo, somos transportados para o passado.
O protagonista desperta nas ruínas do Zoológico de Krat, um local que, segundo os relatos da própria história, havia sido destruído há muito tempo — muito antes, inclusive, dos eventos principais do jogo. A partir daí, começamos a explorar o ambiente e logo surgem pistas relacionadas a Lea, uma lendária Stalker cuja reputação é constantemente exaltada por outros personagens, mas que havia desaparecido misteriosamente.
A premissa da DLC gira em torno da busca por essa figura enigmática. Seguimos os rastros de Lea para compreender suas motivações, seu papel na queda de Krat e o impacto que ela ainda pode ter no futuro da cidade. Contudo, admito que a narrativa de Lies of P: Overture me decepcionou em alguns aspectos, especialmente no que diz respeito ao desenvolvimento da própria Lea. Tendo sido a grande figura de destaque nos materiais promocionais — inclusive aparecendo com destaque no pôster oficial da expansão — eu sinceramente esperava uma presença mais significativa da personagem ao longo da trama.
Infelizmente, esse não é o caso. Lea surge brevemente durante a maior parte da jornada, sendo reservada quase exclusivamente aos momentos finais da DLC, onde finalmente tem um papel mais ativo e marcante. Ainda que suas aparições sejam impactantes, isso reforçou um sentimento de potencial desperdiçado. A expansão até se esforça em apresentar registros de áudio, textos e diálogos que complementam sua trajetória, mas em termos de execução visual e narrativa direta, ficou a sensação de que muito foi dito, mas pouco foi mostrado.

Esse desequilíbrio é ainda mais notável considerando que diversos NPCs reforçam constantemente a lenda que envolve Lea — sua habilidade em combate, sua inteligência, sua importância histórica. No entanto, quando finalmente a confrontamos, o jogo não consegue entregar o impacto prometido, falhando em demonstrar aquilo que tantos personagens exaltaram.
Apesar dessa frustração específica, a narrativa de Overture ainda reserva momentos interessantes e até mesmo surpreendentes, que adicionam novas camadas à mitologia do universo de Lies of P.
Explorando o passado para entender o presente
Um dos maiores acertos de Lies of P: Overture foi, sem dúvida, a maneira como a expansão conseguiu aprofundar e expandir a história de diversos NPCs que já havíamos conhecido no jogo base. Ao revisitar esses personagens sob novas circunstâncias — muitas vezes inesperadas ou até mesmo impactantes — o título consegue provocar no jogador uma reavaliação significativa de certos acontecimentos.
Em alguns casos, essa nova abordagem chega ao ponto de transformar a percepção que tínhamos de antigos chefes, conferindo-lhes novas camadas de contexto que estavam ausentes na primeira experiência. É realmente admirável a forma como essa interconectividade foi construída, e mais ainda o fato de que, após o término da DLC, podemos retornar a personagens do jogo base e encontrar novos diálogos — consequência direta do que foi vivido em Overture.
Esse tipo de detalhe, que muitos jogos acabam negligenciando, me surpreendeu positivamente. A sensação de continuidade e coerência narrativa é algo que valorizo profundamente, e nesse aspecto, Lies of P se destacou de forma notável — especialmente se comparado à expansão Shadow of the Erdtree, de Elden Ring, que, apesar de sua grandiosidade estética e mecânica, me deixou bastante frustrado em relação à forma como trabalhou seus personagens secundários e a evolução narrativa esperada.
Outro ponto de destaque em Overture é sua capacidade de reforçar a sensação de um mundo coeso, interligado e tragicamente condenado. A expansão transmite ao jogador a impressão de que, embora o futuro de Krat possa estar selado, nossas ações — ou a tentativa de compreendê-las — ganham significado e peso ao longo da jornada. E ainda que, no fim das contas, o desfecho trágico permaneça inalterado, há um sentimento reconfortante em poder entender melhor os eventos que levaram a cidade ao seu colapso.

Adicionalmente, a expansão apresenta novas formas de contar a história, o que evidencia uma tentativa de diversificar a estrutura narrativa do jogo. Um exemplo notável são os pequenos enigmas introduzidos em determinados momentos da aventura. Em segmentos específicos, encontramos caixas criptografadas que devem ser entregues a um personagem específico. Esse personagem, então, decifra a mensagem e fornece ao jogador uma pista — geralmente uma fotografia de um local já visitado. Cabe a nós, então, retornar àquele local, identificar a marca ou ponto de interesse indicado e interagir com ele para desbloquear um segredo adicional da trama.
Confesso que gostei bastante dessa mecânica, pois ela introduz uma camada de investigação que está bem alinhada com o tom sombrio e misterioso da narrativa. Além disso, funciona como um incentivo natural para reexplorar áreas que já havíamos percorrido, desta vez com um novo propósito. Essa abordagem me agradou particularmente porque o fator “exploração” era, para mim, um dos elementos mais limitados do jogo base. Embora os cenários fossem artisticamente bem elaborados, a linearidade excessiva e a baixa recompensa pela exploração acabavam por diminuir seu impacto.
Em Overture, no entanto, esse problema foi minimizado graças a esses pequenos — mas significativos — ajustes. A combinação entre narrativa contextual, enigmas ambientais e novos elementos de interação trouxe uma sensação renovada de profundidade ao mundo do jogo.
O Zoologico de Krat e a expansão do fator exploração
Como mencionado anteriormente, um dos aspectos que mais me decepcionaram em Lies of P foi o caráter excessivamente linear da exploração no jogo base. O design dos cenários frequentemente se resumia a longos corredores interconectados, com poucas ramificações, quase sempre conduzindo o jogador de maneira rígida até o objetivo seguinte. A sensação de descoberta era limitada, e a estrutura de mapas com retornos inteligentes e atalhos — algo característico dos melhores jogos do gênero soulslike — era pouco explorada. Felizmente, essa falha foi amplamente corrigida na expansão Overture, que já em seus primeiros momentos demonstra um salto de qualidade considerável no design de mundo.
Logo no início da DLC, somos introduzidos ao Zoológico de Krat, um ambiente de grande escala e impressionante variedade estética e funcional. Essa nova área apresenta múltiplos caminhos, desafios inesperados e surpresas ocultas, oferecendo ao jogador um verdadeiro convite à exploração recompensadora. Um dos elementos que mais me impressionou nesse cenário foi justamente a diversidade de ambientes internos e externos, incluindo museus que contam a história dos animais que ali viviam — agora transformados em zumbis, consequência direta do começo da decadência de Krat.
Além disso, a expansão faz um uso criativo e inteligente da verticalidade e da interconectividade entre as áreas. Um exemplo marcante é o momento em que, após explorar uma vasta área, encontramos uma escada aparentemente secundária; ao subi-la, podemos utilizar fios suspensos como ponte para retornar diretamente ao ponto de partida da região, abrindo um atalho inesperado. Esse tipo de estrutura reforça não apenas a coesão do espaço, mas também a satisfação do jogador em descobrir caminhos alternativos, algo essencial em um jogo com raízes no design clássico da FromSoftware.
Fica evidente, portanto, que os desenvolvedores ouviram atentamente o feedback da comunidade, utilizando Overture como uma oportunidade para refinar o design de níveis de forma criativa e significativa. Isso, por si só, já é um excelente indicativo do comprometimento do estúdio em evoluir seu trabalho, o que aumenta significativamente minhas expectativas para futuros projetos.
Outro ponto que continua a se destacar em Overture é a variedade e o design temático dos inimigos. O jogo permanece extremamente competente ao relacionar os inimigos aos cenários em que os enfrentamos. No zoológico, por exemplo, enfrentamos versões corrompidas e zumbificadas de animais como elefantes, macacos e até cangurus — criaturas que não apenas representam um desafio mecânico, mas também contribuem para a ambientação decadente e grotesca do local. Já em outras regiões, como um parque de diversões introduzido mais adiante, os inimigos mudam completamente de temática, assumindo formas mais festivas e caricatas, condizentes com o novo ambiente.
Aqui, Lies of P: Overture adota uma estratégia particularmente inteligente: reaproveitar inimigos do jogo base de maneira contextual e criativa. É claro que, tratando-se de uma expansão, a repetição de inimigos seria, em certa medida, inevitável. No entanto, o jogo evita que essa repetição se torne um problema ao adaptar os inimigos ao novo contexto temático e, em muitos casos, até mesmo integrá-los ao lore dos novos ambientes. Dessa forma, mesmo quando enfrentamos inimigos já conhecidos, a sensação é de reencontrá-los sob uma nova perspectiva — o que, novamente, contribui para a narrativa de forma sutil e eficaz.
Os melhores chefes que já pude experienciar no gênero
Posso afirmar, sem hesitação, que Lies of P: Overture apresenta os melhores confrontos contra chefes que já enfrentei em um jogo do gênero soulslike. Dentre todas as experiências que tive nesse tipo de jogo, apenas duas batalhas de outras franquias alcançam um patamar semelhante: a icônica luta contra Malenia, em Elden Ring, e o duelo com o Nameless King, em Dark Souls III. A nova expansão da aventura de P não apenas oferece lutas desafiadoras, mas transforma cada confronto em um verdadeiro teste de compreensão das próprias habilidades do jogador, exigindo não apenas persistência, mas reflexão estratégica e domínio técnico.
Com frequência, os soulslike são rotulados como jogos desafiadores cuja dificuldade gira em torno da resistência e da repetição até a superação. No entanto, considero essa uma visão simplista do que essas batalhas realmente representam quando são bem elaboradas. As melhores lutas desse gênero funcionam como puzzles interativos: o jogador precisa observar, entender os padrões de ataque do inimigo, adaptar seu estilo de combate e explorar pontos fracos específicos. É um processo contínuo de tentativa, aprendizado e execução refinada, que recompensa a inteligência tanto quanto a paciência.
Lies of P: Overture compreende perfeitamente essa essência. Em cada embate, o jogador é desafiado a dominar diferentes competências do arsenal de P — seja o tempo correto para esquivas, o uso preciso do parry, a eficiência nas defesas ou mesmo a maneira como configura os Órgãos de P, sistema equivalente a perks, que influencia diretamente o estilo de combate e pode ser o fator determinante entre a vitória e a derrota.
O que mais me surpreendeu, no entanto, foi a maneira como a expansão renova a abordagem dos chefes. Em uma das batalhas mais criativas da DLC, enfrentamos dois inimigos simultaneamente — algo comum dentro do gênero, mas executado aqui de forma única. Em vez de alternarem turnos de ataque ou agirem de forma independente, os dois chefes lutam em sincronia perfeita, como se fossem uma única entidade com duas formas de ataque simultâneas. Essa proposta exige do jogador um novo tipo de leitura tática: em vez de focar em dividir e conquistar, é necessário adaptar-se ao fluxo conjunto de ataques coordenados, o que eleva o grau de desafio e torna o aprendizado da luta mais complexo e gratificante.

Esse tipo de embate representa um avanço notável em relação às lutas múltiplas do jogo base, que me decepcionaram por sua simplicidade e repetição. A nova abordagem reforça a ideia de que a equipe de desenvolvimento não apenas ouviu as críticas, mas aperfeiçoou elementos-chave da experiência de combate, criando lutas memoráveis e envolventes.
Outro fator que merece destaque é a cadência individual de cada chefe. Alguns são extremamente ágeis e exigem respostas rápidas, enquanto outros exigem do jogador um domínio absoluto de mecânicas específicas, como aparo ou controle de distância. Mesmo confrontos que inicialmente parecem pouco expressivos acabam se revelando surpreendentes com a chegada de uma segunda fase mais impactante.
Aliás, vale mencionar que o ritmo das batalhas também foi aprimorado na expansão. Enquanto no jogo base era comum que os chefes tivessem duas barras de vida completas — o que muitas vezes prolongava demais os combates —, em Overture a maioria dos chefes transita para sua segunda fase ao atingir metade do HP, mantendo o dinamismo e evitando o desgaste durante a luta. Em momentos pontuais, ainda há lutas que seguem o modelo tradicional, com duas barras de vida separadas, mas a escolha de quais confrontos mereciam esse tratamento foi cuidadosamente feita, elevando o impacto dramático dessas batalhas específicas.
Novas armas e modos de lutar
Um dos aspectos que sempre considerei envolvente em Lies of P é, sem dúvida, o sistema de armas e progressão. Desde o jogo base, a possibilidade de personalizar o próprio armamento ao combinar lâminas com empunhaduras diferentes já se destacava por proporcionar uma liberdade notável ao jogador. Cada nova combinação altera não apenas o ritmo dos ataques, mas também o feeling da arma em combate, oferecendo uma impressionante variedade de estilos. Além disso, o jogo conta com armas especiais, que não podem ser customizadas da mesma maneira, mas que se compensam por suas propriedades únicas e poder de impacto elevado.
A expansão Overture não apenas manteve esse sistema robusto, como o ampliou significativamente, trazendo novas armas, estilos de combate e variações que aprofundam ainda mais a experiência. Uma das adições mais interessantes é um arco, arma que altera completamente a dinâmica dos confrontos ao introduzir a possibilidade de ataques à distância. Embora eu tenha achado essa arma pouco eficaz contra chefes — devido ao ritmo acelerado e à necessidade de movimentação constante nessas lutas — ela se mostrou extremamente útil ao enfrentar inimigos comuns, especialmente em trechos mais estreitos dos cenários, onde o risco de queda é constante e manter distância pode ser essencial para a sobrevivência.

Outra adição notável e divertida é uma espada que também funciona como uma espingarda embutida, permitindo ao jogador disparar projéteis logo após um ataque ou mesmo carregá-los para causar dano extra. Essa arma é particularmente eficiente contra inimigos que exigem interrupções frequentes ou staggering, como os chefes de perfil mais humano. Ela oferece uma estratégia híbrida que recompensa jogadores que sabem alternar entre agressividade e posicionamento com precisão.
Ainda nesse campo, foi introduzido um novo Braço de P equipado com uma espingarda — provavelmente uma das armas mais poderosas da expansão até o momento. Seu uso é mostra altamente eficaz contra grupos numerosos de inimigos, permitindo controlar multidões de forma explosiva e estratégica.
Mas a expansão do arsenal não se resume apenas a novas armas. Lies of P: Overture também introduziu um novo tier de progressão para os Órgãos de P. Com essa nova camada, é possível tornar as habilidades de P ainda mais poderosas, abrindo caminhos para upgrades e melhores sinergias entre equipamentos e estilo de jogo. Essa adição amplia o leque de possibilidades estratégicas e, ao mesmo tempo, incentiva a exploração contínua, já que os recursos necessários para desbloquear essas melhorias estão espalhados pelos cenários da expansão.
Gráficos e trilha sonora
Lies of P Overture manteve a alta qualidade visual e sonora do jogo base, adicionando ainda mais trilhas marcantes ao decorrer da jornada. Dou destaque principalmente para a música tema da DLC que além de ser uma melodia marcante e que contribui com o tema melancólico da expansão, possui um significado maior na história, tornando ela ainda melhor na reta final. Outro ponto que se destaca no trabalho sonoro é nas lutas contra chefes, o que ajuda a tornar as batalhas épicas e até emocionantes em alguns trechos.
Visualmente, o maior destaque fica com a adição de cenários bem mais variados do que na versão base. Por termos viajado para o passado, conhecemos cenários com cores mais vibrantes, além da presença da neve, o que deixa um tom bem diferente da decadência de Krat que presenciamos em Lies of P. Além disso, o jogo acerta bastante no design dos novos monstros e chefes, além de termos vários novos conjuntos de skins para P ao decorrer da expansão, como um casaco de neve e até uma roupa com uma coroa pirata.
Desempenho
Minha jornada foi realizada no PlayStation 5, e assim como no jogo base, Overture conta com dois modos gráficos: um modo qualidade, que prioriza resolução e fidelidade visual, e um modo desempenho, que foca na fluidez da jogabilidade. Optei por jogar praticamente toda a expansão no modo desempenho e posso afirmar que a experiência foi muito boa. Não encontrei qualquer problema relacionado a quedas de framerate ou travamentos, o que demonstra que a expansão é bem otimizada e tecnicamente sólida, mantendo o mesmo nível de polimento do título original.
Vale a pena comprar Lies of P: Overture?
Lies of P: Overture se estabelece como um complemento robusto e altamente competente ao jogo base, conseguindo expandir todos os seus pilares centrais — narrativa, jogabilidade, ambientação e, especialmente, os confrontos contra chefes. A expansão demonstra um cuidado evidente em ouvir os feedbacks da comunidade e aprimorar pontos que anteriormente limitavam a experiência, como o design dos cenários e a variedade nas mecânicas de combate.
Contudo, nem tudo é perfeito. A narrativa da DLC apresenta pontos fracos, principalmente no que diz respeito à personagem da Stalker Lendária, cuja construção e desenvolvimento acabam ficando abaixo das expectativas criadas pelos trailers e materiais promocionais. Existe um claro potencial narrativo ali que, infelizmente, não se concretiza plenamente, deixando a sensação de que faltou “mostrar mais e dizer menos”.
Ainda assim, Overture compensa essa lacuna ao expandir o lore do universo de Krat de forma criativa e envolvente, aprofundando a compreensão do jogador sobre eventos-chave do jogo principal. Através de novos documentos, interações e pequenos enigmas ambientais, a expansão instiga a curiosidade e recompensa a atenção aos detalhes.
No que diz respeito à jogabilidade, o conteúdo adicional impressiona. Novas armas, cenários, inimigos e mecânicas de progressão contribuem para uma experiência renovada, com desafios inéditos mesmo para veteranos familiarizados com a jornada de P. Os chefes, em particular, merecem aplausos: são memoráveis, criativos e exigem um domínio técnico que remete aos melhores confrontos já criados no gênero, oferecendo um novo patamar de excelência que, honestamente, espero que influencie positivamente os futuros títulos soulslike.
Lies of P: Overture foi desenvolvido pela NeoWiz e lançado no dia 6 de junho para Xbox One, Xbox Series X|S, PlayStation 4, PlayStation 5 e PC, via Steam.
*Review elaborada na versão de Playstation 5, com código fornecido pela NeoWiz.
Lies of P: Overture
BRL 159,90Prós
- Algumas das melhores batalhas contra chefe do genêro
- Boa expansão do lore dos personagens e da cidade de Krat
- Armas inéditas que aprimoram a jogabilidade
- Uma clara evolução do design de cenários, permitindo uma exploração mais recompensadora
- Legendas em PT-BR
Contras
- A narrativa central poderia ser melhor, principalmente o desenvolvimento de Lea