Jusant | Review
Jusant, da DON’T NOD, promete uma experiência de meditação elevada através de uma torre imponente situada em variados biomas. Em nossa jornada, somos acompanhados por uma misteriosa criatura chamada Ballast, que nos guia, despertando a natureza ao redor e revelando segredos sobre o passado do local.
O jogo, que inclui desafios de escalada, habilidades que se aprimoram progressivamente e múltiplos caminhos a serem explorados, merece destaque. Mas será que realmente vale a pena? Descubra a resposta agora em nossa análise relaxante, aqui no Pizza Fria!
Após vivenciar experiências únicas em jogos como Life is Strange e Tell Me Why, a desenvolvedora francesa DON’T NOD ganhou um lugar especial na minha lista de produção de jogos relaxantes, que se destacam pelo ritmo tranquilo, em contraste com os muitos jogos frenéticos com os quais frequentemente me deparo e que podem ser, literalmente, estressantes. As jornadas nesses jogos muitas vezes refletem elementos significativos da vida real, provocando reflexões e transmitindo mensagens ao jogador, muitas vezes inesperadas ou contemplativas.
Um destino tortuoso
Ao nos depararmos com Jusant, descobrimos que o jogo e sua narrativa abrangem o poder da interpretação por meio de elementos de mundo abertos. O protagonista percorre um caminho frequentemente implacável, onde sinais evidentes apontam para um desastre. A civilização, antes próspera, enfrentou mudanças significativas, impactadas principalmente por alterações climáticas, sobrecarregando o local e seu destino.
Mudanças climáticas são o tópico do momento, destacando-se por eventos extremos e desproporcionais, incluindo secas e inundações. A narrativa de Jusant se entrelaça com a proteção ambiental e o controle de recursos, incentivando a reflexão sobre essas questões urgentes. Os jogos tornam-se, assim, plataformas poderosas de educação e conscientização acerca de temas como sustentabilidade e preservação. Mais do que tudo, eles permitem enxergar as ameaças potenciais através do entretenimento. Como resultado, surgem lutas pelas melhores práticas ambientais e o combate aos transtornos já presentes em nosso mundo. Jusant reforça a urgência de visibilidade e discussão sobre o tema.
Suba sem parar
Jusant gira em torno da escalada, combinando ação e quebra-cabeças. Sua mecânica oferece a sensação da escalada na ponta dos dedos, com subidas cada vez mais desafiadoras. Associado a uma corda e elementos do cenário, o jogo é pontuado por pistas em sua ambientação. A corda permite que o personagem fique seguro em três pontos de fixação, proporcionando liberdade de movimento e sustentação.
Balanço e pulo são funcionais e têm seu próprio mérito na mecânica do jogo, permitindo também que o personagem descanse, já que a escalada pode ser árdua. Calcule seus passos, a quantidade de cordas e o indicador de resistência, mantendo o foco para evitar quedas. O sistema de jogabilidade é consistente e fluido, evitando a sensação de repetição ao introduzir ação em diferentes biomas.
O jogo é dividido em seis capítulos, cada um com um bioma distinto, tornando a subida cada vez mais interessante. Um destaque é o bioma de uma caverna repleta de criaturas bioluminescentes. Cada escalada é influenciada pelas condições climáticas e pela fauna local. Ventos podem empurrar o jogador para baixo em certos estágios, enquanto a luz do sol dá vida a certas plantas, com a fauna servindo como meio temporário de travessia.
Pontos de verificação aparecem regularmente, restaurando nossa resistência e fornecendo uma pausa segura. Descobrimos, nesse ínterim, que uma força sobrenatural drenou a água no mundo de Jusant, trazendo um tom de melancolia e solidão a cada detalhe. O mundo, agora desprovido de vida, carece da energia humana necessária, com uma história profundamente enraizada no passado. A proposta do jogo transmite a mensagem de que devemos proteger e preservar a natureza.
Um pequeno ser de água é nosso companheiro de viagem, auxiliando nas habilidades, na orientação para a coleta de itens e no acesso a áreas específicas. Os itens incluem documentos, conchas que remetem ao passado, altares, entre outros. Eles também ajudam na transição do cenário com o desenvolvimento de plantas e pontos que facilitam a escalada do protagonista.
Onde coloquei minha corda?
À medida que avançamos em Jusant, os ângulos e desafios da escalada se intensificam, mas a sensação é de um direcionamento intuitivo. Isso não significa, no entanto, que a mecânica seja perfeita. Em vários momentos, ao tentar escalar usando o controle, é confuso entender por que o personagem não consegue se agarrar ou subir, o que pode ser bastante frustrante e desnecessário. Apesar disso, as nuances dos fundamentos básicos da escalada contextualizam a situação de forma pura e essencial.
Há uma integração harmoniosa no mundo de Jusant, com interações com partes vivas do ambiente. Embora um pouco fantasioso, o jogo é repleto de referências cativantes. Os jogadores não são pressionados e avançam em seu próprio ritmo, desfrutando da paisagem em uma jornada vertical impressionante. O título exige que o jogador assuma o controle e observe a correlação entre elementos fundamentais como amor e sobrevivência, oferecendo uma experiência entre rochas e vistas superiores únicas. Vale a pena dedicar tempo à imersão e descoberta neste universo.
O passado e o presente unidos
Jusant é um jogo singular. Ao jogá-lo, obtive uma sensação de tranquilidade semelhante à experimentada em Death Stranding, cuja jornada solitária de entregas é contemplativa e rica em significados. Jusant associa-se ao sucesso de Kojima com sua proposta de cenários vazios, onde a onipresença se torna marcante e o silêncio, penetrante e assustador. A busca por conexão, vida, testemunho e reconstrução de um passado ressoam profundamente.
Ao final de cada capítulo, o jogador é recompensado com o retorno da flora e fauna à seção escalada. A performance do jogo é impecável, repleta de cores vibrantes e um estilo cartunesco encantador, muitas vezes sem uma explicação óbvia, apenas para ser contemplada. Um primor de abordagem e criatividade. A trilha sonora acompanha o clima ameno do percurso, ditando o ritmo.
Vale a pena comprar Jusant?
Jusant é uma aventura narrativa cuja sutileza surpreende, marcada por um tom melancólico que motiva a contemplação e a busca por novas descobertas sobre o destino de um povo. Não há necessidade de extensos diálogos ou um mundo cheio de NPCs. Jusant te atrai como um ímã, tecendo sua história com habilidade. É um excelente jogo que, apesar de curto, deixa uma marca duradoura em nossas mentes e nos inspira a pensar em um futuro melhor. Lindo, exuberante e essencial, Jusant não se limita a segurar apenas o personagem, mas se destaca em relação a outros grandes títulos no mercado de jogos, mantendo sempre seu potencial em evidência.
Jusant já está disponível para PC, via Steam, PlayStation 4, PlayStation 5, Xbox Series X|S, estando disponível sem custo adicional para assinantes Game Pass no PC e no console.
*Review elaborada no PlayStation 5, com código fornecido pela DON’T NOD.