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FRONT MISSION 3: Remake | Review

FRONT MISSION 3: Remake é um JRPG tático de turnos, um estilo tão adorado e estimado por pessoas com bom gosto, desenvolvido pela MegaPixel Studio e publicado pela Forever Entertainment. Nele, acompanhamos a jornada de dois amigos que, sem querer querendo, acabam se envolvendo em uma conspiração tremenda e não encontram nenhuma saída além de entrar em seus robôs gigantes e lutar para sobreviver.

E aí, será que vale a pena reviver esse clássico? É o que saberemos agora, em mais uma análise atemporal do Pizza Fria.

Um dia de cão

Chegamos ao terceiro, leitores e leitoras! Seguindo com a tradição iniciada faz algum tempo, seguimos caminhando pela franquia Front Mission revivendo os clássicos e trazendo uma experiência única, apesar dos pesares, para toda uma nova geração de jogadores. Afinal, qual combinação poderia ser mais perfeita do que robôs gigantes e batalhas em turno? Tirando vocês e o Pizza Fria, não consigo ver nenhuma.

FRONT MISSION 3: Remake é a mais nova versão de um jogo lançado no Japão, originalmente, nos anos sombrios e loucos conhecidos como… 1999! Ou 2000, se estivéssemos jogando por essas bandas do globo. Saindo nos anos finais do glorioso PlayStation 1, o jogo trouxe uma série de inovações e propostas interessantes que o diferenciaram bastante de seus predecessores, a ponto de ser visto por alguns como um dos pontos altos da franquia.

Agora, 26 anos depois (já sinto as juntas doerem) chegou a vez de experimentarmos esse clássico com todas as modernidades e conforto que o ano 20XX nos oferece. Mas, será que vale a pena? Será que o jogo consegue manter sua majestade mesmo após todo esse tempo? Ou não passa de uma relíquia do passado? É o que veremos agora, meu povo.

FRONT MISSION 3: Remake
Onde eu acho o site do Pizza? (Imagem: Divulgação)

História

FRONT MISSION 3: Remake conta a história de Kazuki Takemura, um cara normal que vivia uma vida normal. Até que, certo dia, nosso camarada e seu chegado Ryogo acabam se envolvendo em uma treta daquelas ao presenciar uma explosão dentro da base militar na qual faziam um serviço de entrega de Wanzers, os tão queridos robôs gigantes da franquia. A partir daí, a dupla começa a girar o mundo enquanto se envolvem em lutas contra organizações fantasma, governos corruptos e todo tipo de gente má que aparece pela frente.

O legal daqui é que os eventos do jogo podem seguir duas linhas bem diferentes, a depender de como Kazuki fica sabendo da explosão. Se decidirmos ler um email de Alisa, irmã do protagonista, vamos até a base encontrá-la e seguimos uma rota específica envolvendo suas lutas e tribulações. Senão, entramos no time de uma moça chamada Emma e vamos investigar um projeto de desenvolvimento de armas chamado M.I.D.A.S.

Ambas as rotas de FRONT MISSION 3: Remake exploram temas parecidos como o militarismo, ganância, o custo do avanço e como poderes utilizam ideologias e pessoas para avançarem suas agendas, sem se importar com os riscos e perdas envolvidas. Esses são temas comuns aos jogos da série, e continuam sendo explorados de uma forma que faz o jogador pensar e dão uma boa quantidade de drama para acompanhar.

Contudo, a narrativa não é tão forte ou impactante quanto a dos jogos anteriores. Por muitos momentos senti que a trama se arrastava, e de que determinadas situações serviam mais para aumentar o tempo de jogo do que realmente desenvolver a história e seus personagens de alguma maneira mais significativa. Não invalida a experiência, mas é algo a se considerar.

FRONT MISSION 3: Remake
Só queria poder trabalhar em paz. (Imagem: Divulgação)

Jogabilidade

FRONT MISSION 3: Remake, em essência, é um JRPG com combate em turnos no qual controlamos nossos wanzers, os bons e velhos robôs gigantes, enquanto lutamos contra nossos inimigos, customizamos nossas máquinas e vamos avançando na linha da história que selecionamos no começo. Além disso, podemos gastar nosso tempo lutando em um simulador para aprimorar nossas habilidades e pilotos.

Diferentemente do que era feito no título anterior, a maior parte da ação agora se resume à ver alguma animação, mexer nos diversos menus do jogo, lutar, e por aí vai. Não temos mais um mapa para avançar, com cidades para ir e algumas pessoas a falar. Isso deixa o jogo bem mais direto, de fato, mas também tira um pouco do senso de liberdade e escala tanto do mundo em que a história se passa quanto dos conflitos que estão rolando nele. Ainda temos alguma liberdade, mas o jogo é bem mais linear.

Em se tratando de combate, FRONT MISSION 3: Remake traz algumas simplificações em relação aos anteriores. As missões são bem mais simples e diretas, além dos mapas serem mais enxutos e com menos espaço vazio para termos que cruzar. Isso é muito interessante, em minha visão, visto que um de meus maiores problemas com FRONT MISSION 2 era o fato de que boa parte das tretas envolviam apenas mover nossos wanzers de um lado ao outro da arena.

Falando em tretas, o combate do jogo se dá em turnos com cada robô agindo quando chega sua vez. A mecânica de AP segue ditando a quantidade de ações que podemos realizar, bem como a possibilidade de realizar ataques juntamente com nossos aliados. Isso é muito importante para conseguirmos sair vivos da maioria dos combates, principalmente em algumas situações nas quais estamos em maior desvantagem.

FRONT MISSION 3: Remake
Vem tranquilo, meu querido. (Imagem: Divulgação)

Os wanzers de FRONT MISSION 3: Remake podem ser equipados com diversas partes diferentes que influenciam a quantidade de HP que cada um tem, o quanto andam, sua precisão, e por aí vai. Além disso, as habilidades de piloto não são aprendidas mais através do crescimento do personagem, mas sim das partes que eles usam. Saber como construir cada robô e seu respectivo controlador é essencial, principalmente porque algumas delas são bem quebradas. Um Ryogo bem construído, com certas skills e armas, consegue dar mais de trinta tiros em um inimigo por turno. Sensacional.

E saber qual arma usar é essencial, principalmente porque os wanzers possuem partes individuais que podem ser destruídas e, melhor ainda, pilotos que podem ser ejetados. Inclusive, uma de minhas estratégias preferidas era usar armas e habilidades que forçassem o piloto a sair do cockpit, tornando alvo fácil para meu robozão bolado com um lança míssil em cada ombro. Mas cuidado, isso também pode acontecer conosco! Mas, felizmente, sempre é possível voltar para nosso robô ou, até, roubar o do inimigo.

A customização de wanzers em FRONT MISSION 3: Remake segue a linha dos títulos anteriores, com uma série de menus que permitem uma boa dose de customização para o jogador que quiser construir um robô com a sua cara. Eu ainda acredito que essa interface seja um pouco confusa, embora venha melhorando a cada novo título da franquia.

Um dos maiores problemas que vi nesse remake, contanto, foi com as animações de combate e movimento dos wanzers. Diferente do que era visto no PS1, no qual os robôs possuíam peso e as pancadarias possuíam mais detalhes, as lutas dessa nova versão parecem bem menos impactantes e travadas. Creio que tenha sido algo intencional, mas é inegável que a versão original é muito mais emocionante e bem sucedida nesse quesito.

FRONT MISSION 3: Remake
Do nosso jeito. (Imagem: Divulgação)

Sons e Visuais

FRONT MISSION 3: Remake dá uma boa limpada nos visuais do original, sem tentar ir muito além como visto em outras empreitadas parecidas. Temos uma resolução melhor, modelos mais detalhados, artes menos borradas e uma melhoria na forma como tudo é apresentado. É funcional e facilita na hora de jogar, mas sinto que poderiam ter ido um pouco além.

O mesmo pode ser dito do departamento sonoro, que segue firme por conta da excelência da trilha sonora original e de uma versão remixada que funciona. Contudo, novamente, sinto falta de mais alguns mimos como a adição de vozes, por exemplo. Mas, pelo menos, temos nossas legendas em português! Isso é algo excelente.

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Corajosa demais. (Imagem: Divulgação)

Vale a pena jogar FRONT MISSION 3: Remake?

FRONT MISSION 3: Remake, leitores e leitoras de meus olhos, é uma remasterização protocolar de um jogo muito bom. Temos melhorias aqui e acolá, e o que ele oferece segue tão bom quanto em seu primeiro lançamento no início dos anos 2000. Contudo, a qualidade de remakes lançados atualmente nos deixam com um gostinho de quero mais.

O título traz melhorias, de fato, como mais opções de customização, combate rápido e tudo mais. Além disso, temos uma boa quantidade de conteúdo para explorar com a história em dose dupla, construir nossos robôs segue divertido e o combate tático é um deleite. Contudo, sinto falta de um cuidado maior em alguns pontos como nas animações e, também, mantenho meus desgostos antigos como o fato do título ser bem mais linear por exemplo.

Mas, de todo modo, FRONT MISSION 3: Remake segue sendo um jogo bem divertido e, creio eu, um dos pontos altos da série. Ele tem mais do que suficiente para agradar fãs do gênero de JRPGs táticos e dos robôs gigantes e, salvo um ou outro deslize, é uma experiência obrigatória para quem curte o estilo. Ainda que o remake pudesse ser mais incrementado, a fundação original segue sendo algo especial.

FRONT MISSION 3: Remake chega nesta quinta-feira, 26 de junho, exclusivamente para Nintendo Switch.

*Review feita em um Nintendo Switch 1, com código fornecido pela Forever Entertainment.

FRONT MISSION 3: Remake

BRL 199
7.6

História

7.5/10

Gameplay

8.0/10

Gráficos e Sons

7.5/10

Extras

7.5/10

Prós

  • Adiciona melhorias interessantes como combate rápido e mais opções de customização para os wanzers
  • Construir nossos robôs segue legal como sempre
  • O combate é bem mais rápido e dinâmico, cortando o tempo perdido se deslocando no mapa
  • Narrativa com duas linhas bem diferentes uma da outra
  • Legendado em português

Contras

  • O remake não adiciona muito além de melhorias de qualidade de vida
  • O jogo é muito mais linear que seus antecessores
  • A história pode ser bem arrastada em alguns momentos
  • As novas animações estão menos impactantes e detalhadas que o original

Matheus Jenevain

    Redator de idade não especificada e habilidade excepcional (segundo o próprio, acredite se quiser). Curte Metroidvanias, RPGs e jogos de luta. Reza toda noite, intensamente, para receber um remake de God Hand. Nunca foi atendido.