La Quimera | Preview
Quando vi o trailer de La Quimera, game da Reburn disponível em Acesso Antecipado para PC, via Steam, logo lembrei daquela época dourada do PlayStation 2, com jogos tipo Crysis e seus super soldados vestindo exoesqueletos em meio a gráficos lindos. Ah, que época! De fato, a ideia deste jogo é muito similar, nos colocando em uma distopia futurista, misturando um mundo cyberpunk, em uma América Latina fictícia cheia de conflitos militares. Com essa premissa, o jogo tenta construir um universo interessante, onde nos tornamos um recruta de um grupo paramilitar chamado Palomo, jogado em uma conspiração política enquanto recebe implantes tecnológicos.
Porém, será mesmo que o jogo traz toda essa sensação da era de ouro do PlayStation 2, ou é só mais uma distopia genérica com lindos gráficos feitos na Unreal Engine 5? Confira os detalhes nesta preview!
Uma narrativa clichê, com personagens ainda mais clichês
A narrativa de La Quimera nos coloca em um futuro distópico onde a América Latina virou palco de conflitos entre facções paramilitares e zonas dominadas por inteligências artificiais rebeldes. A história se passa em Nuevo Caracas, um lugar que mistura uma estética cyberpunk genérica com aquela perspectiva clichê de gringos sobre os latinos. Após um evento conhecido como “Dia da Ativação”, que liberou hordas de robôs hostis, o governo caiu e deu lugar a milícias contratadas para manter a ordem.
Com isso, assumimos um desajeitado recruta da Palomo PMC, grupo mercenário de quinta categoria que, por ironia do destino, acaba no centro de uma missão arriscada envolvendo a filha de um líder local e uma conspiração cheia de reviravoltas tecnológicas. Na real, esse enredo me lembra demais aqueles filmes pastelões dos anos 90 em que o azarado acaba se tornando o herói, armado até os dentes. Inclusive, isso fica claro na noção de trazer a América Latina como algo meio selvagem e caótico.

Deixando meu lado mais crítico de lado, essa premissa até que poderia render uma boa história, mas nossa, que roteiro preguiçoso e mal escrito. A jornada do protagonista é conduzida por diálogos monótonos, personagens esquecíveis e clichês batidos que mais parecem uma versão de baixo custo de Crysis. E isso fica ainda mais claro com a dublagem cansada do jogo. O uso de exoesqueletos como elemento narrativo é até interessante, mas chega tarde demais, quando o interesse do jogador já foi drenado por missões genéricas e cenas de corte sem impacto. La Quimera tenta ser sério e denso, mas parece um filme clichê. Nada mais do que isso.
Tiroteio interessante, maaaas…
No que diz respeito ao gameplay, La Quimera acerta em partes. A movimentação é sólida, o tiroteio tem um certo peso, e o uso do exoesqueleto adiciona alguma variedade à ação, mas pouca coisa. Dá para usar habilidades como escanear inimigos através de paredes ou invocar drones de ataque, mas tudo é desbloqueado aos poucos, o que seria ótimo se o jogo tivesse mais tempo de tela. Tem hora que a coisa fica repetitiva e forçada. É cansativo, mesmo com a ação sendo um ponto bacana do jogo, mesclando dificuldade e diversão na medida certa. Bem, pelo menos em boa parte do tempo.
Nesta prévia, tive acesso a apenas quatro missões (contando o tutorial) que podem ser zeradas em cerca de cinco horas, com um enredo que parece mais um piloto de série cancelada do que um jogo completo. E não ajuda o fato de os inimigos serem repetitivos, os mapas genéricos e os objetivos quase sempre os mesmos: invadir base, pegar arquivo, explodir alguma coisa, repetir. Inclusive, por conta das baixas notas, a Reburn adiou o lançamento do título. Espero que eles nos ouçam. Afinal de contas, seria bem bacana ter um jogo robusto com esse estilo.

Bonitão, né? É a Unreal Engine 5…
Apesar dos tropeços, é totalmente justo dizer que La Quimera é bem bonito. Usando a Unreal Engine 5, o jogo apresenta cenários detalhados e efeitos de luz competentes. Mas esse visual tem seu custo: o desempenho é instável, com quedas de frame, bugs frequentes (como HUD sumindo ou a mira travando), e problemas no sistema de progresso. Sem contar que em alguns momentos a tela cheia buga, não sei por qual motivo. Só para vocês terem ideia, nesta preview, até os colecionáveis bugam, o que, convenhamos, desanima até o mais paciente dos completistas, algo que estou longe de ser. Mas… isso precisa ser dito.
E por mais que a ambientação em Nuevo Caracas, misturada com personagens falando português (algo que até agora não entendi) tragam um charme regional inesperado, o texto é ridiculamente fraco, a dublagem inconstante e a falta de personalidade dos personagens afundam qualquer tentativa de imersão. O áudio do jogo nem é ruim, mas o conjunto da obra acaba dando aquela preguiça. Somando isso aos erros do jogo, La Quimera é simplesmente desanimador, mesmo com tanta beleza.

O que esperar de La Quimera?
Olha… por enquanto, La Quimera é o tipo de jogo que você experimenta por curiosidade, mas não fica sem vontade nenhuma de continuar. É extremamente curto, raso e ainda parece em construção. Isso sem contar os clichês misturados em sua narrativa. Porém, ainda ouso dizer que, mesmo com tantos problemas ainda tem um bom potencial escondido, e acho que a Reburn sabe disso. Portanto, espero muito que os desenvolvedores leiam com carinho as opiniões da comunidade e atualizem o que for necessário. Mas, atualmente, o jogo soa como um rascunho de um projeto maior que não se concretizou.
Se você é muito fã de FPS e tá com saudade de jogos com estética futurista e tiroteios lineares, pode valer uma espiada. Não custa muito tentar, né!? Porém, vá com expectativa baixa e a consciência de que o melhor do jogo ainda não está nele, está, de alguma maneira, no que ele pode vir a ser. Aguardemos…