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Cat Quest III | Review

Cat Quest III traz de volta a jogatina cooperativa controlando gatinhos guerreiros com o objetivo de restaurar a paz no mundo. Dois jogadores vão se aventurar juntos nessa nova jornada desenvolvida pelo estúdio The Gentlebros e publicada pela Kepler Interactive. O jogo chegará para PC e para os consoles Nintendo Switch, PlayStation 5 e Xbox Series X|S. Além disso, dá pra jogar também no PlayStation 4 e no Xbox One.

Será que vale a pena jogar? (Óbvio que vale! E tudo com gatos é melhor!) Desta vez, navegamos no Mar do Pataribe para tirar todas as dúvidas nesta análise feita para o Pizza Fria. Antes de mais nada, o jogo é um RPG de ação e aventura feito por desenvolvedores independentes e traz visuais fofos – contudo, não os subestime! Apesar de ter essa capa bonita e de ser acessível para jogadores mais casuais, esta sequência oferece pitadas de alta dificuldade com bastante conteúdo para explorar e revisitar. E vou assumir que seu interesse é, de fato, jogar com alguém do lado, como deveria ser.

História

Quando a Estrela do Norte despencou do céu há muitas luas, os sortudos que colocaram suas patinhas nela tiveram todos seus desejos realizados – até os mais profundos. Eles ficaram conhecidos como Xeretas. Mas com medo de compartilhar tamanho poder, resolveram esconder a Estrela do Norte para que ninguém mais a encontrasse. E não era sem motivo: gatinhos Xeretas, facilmente identificados pela estrelinha marcada na nuca de nascença, tiveram seus barcos perseguidos por todo o Mar de Pataribe.

Até que um dia… Em busca desse tesouro que então já havia virado uma lenda, a sombria embarcação do Rei Pi-Rato, uma asquerosa ratazana mecânica e desfigurada, caça os últimos Xeretas de que se tem notícia e afunda a embarcação… Mal sabia ele que dois cestinhos com filhotinhos chegariam à orla…

Cat Quest III conta a história dos Xeretas
Quem foi que disse que gato tem medo d’água? (Imagem: Reprodução, Nintendo Switch na doca)

E, como é característico de contos fantásticos, o pai adotivo destas criaturinhas é um pirata fantasma conhecido como Capitão Chapelinho! Não sei como uma bola de ectoplasma cuidou de duas bolinhas de pelo, mas, graças a ela, 15 anos mais tarde, nossos aventureiros vão procurar a Estrela do Norte! Assim começa nossa jornada ao encontrarmos a primeira pista, um artefato capaz de apontar na direção dessa riqueza desaparecida.

Aos poucos, Cat Quest III se revela envolto num tema de piratas, com texto muito leve e repleto de bom-humor, para que possamos descobrir mais do Pataribe à medida que trombamos com as diversas figuras corsárias em busca de tesouros.

O melhor de tudo é que o game está em português do Brasil. O trabalho dos tradutores é digno de elogios, pois souberam adaptar falas ao contexto tupiniquim e, mais do que isso, trazer muitas brincadeiras do linguajar fictício dos gatos. Vai falar que você não quer enfrentar uma embarcação má de felinos “miautaleiros” ou ver o show do Miutallika? Ou dar um sacode naquele vigarista que é o Zoinho? Ou mesmo equipar itens especiais como o “Tererê do Guerreiro”? Alguns personagens brincam com regionalismos, como o Trinque, que fala um mineirês (ou seria Chico-bentês?) muito engraçado!

Cat Quest III traz como principal novidade um barco para explorar o Mar do Pataribe! (Imagem: Reprodução, Nintendo Switch na doca)
Cat Quest III traz como principal novidade um barco para explorar o Mar do Pataribe! (Imagem: Reprodução, Nintendo Switch na doca)

Embora algo como um maravilhoso chamativo para as crianças – afinal, elas são a primeira camada de público-alvo –, adultos vão se divertir igualmente com os trocadilhos! É fantástico ver como Cat Quest III ganha potência graças ao fato de estar traduzido! (Sim, a ferreira Kit Cat é citada – o gatoverso é real!)

Desta forma, o game não só preserva o humor característico da série, mas o eleva a uma compreensão abarasileirada, com referências à cultura pop. Os diálogos são engraçados e cativantes, com uma tradução impecável para o português do Brasil, o que torna a experiência ainda mais agradável para os jogadores brasileiros.

Cat Quest III
QUÊ? Nada do que você fala faz sentido, cara. (Imagem: Reprodução, Nintendo Switch na doca)

Jogabilidade

Cat Quest III pode ser jogado sozinho, claro. Contudo, a jornada é muito melhor se compartilhada. Logo no começo, vocês devem escolher a dificuldade (fácil ou normal) e o modo cooperativo somente pode ser jogado localmente. Assim como seus predecessores, a aventura pirata é um RPG de ação e aventura, com níveis de personagem de acordo com a experiência acumulada. Tal experiência vem aos poucos com as pedrinhas deixadas por inimigos abatidos no combate em tempo real ou como recompensas das inúmeras missões paralelas que faremos.

Por falar em níveis, tudo conta com níveis, tanto itens quanto personagens. E há uma certa harmonia a ser descoberta e entendida pelos jogadores, mas basta dizer o seguinte: ao andar por aí, um número paira sobre a cabeça de inimigos e de outras ameaças – este é o nível dos adversários.

A tela de equipamento está aprimoradíssima em Cat Quest III. (Imagem: Reprodução, Nintendo Switch na doca)
A tela de equipamento está aprimoradíssima em Cat Quest III. (Imagem: Reprodução, Nintendo Switch na doca)

Considerem com cuidado se vale a pena investir contra um oponente mais forte e saibam bater em retirada, pois o mundo é aberto (com exceção das masmorras) e dá pra perambular praticamente por qualquer lugar desde o momento que obtemos nosso barquinho!

Sim! Desta vez, ganhamos uma nau equipada com canhões. Ela conta com uma página própria para seu equipamento: encontraremos tiros de canhão fantasma, bolas de magma, e muitas melhorias que veremos pelo caminho. A batalha naval, aliás, é uma parte estrutural desta aventura. A outra parte sendo, claro, a exploração do mapa e das masmorras, repletas de missões secundárias.

Quando joguei Cat Quest II, o comparei a um tipo de “Diablo com cães e gatos”, mas com um toque ainda mais acessível e cativante – isso continua sendo verdade, exceto que desta vez controlamos apenas bichanos. Bom, e exceto também que o inventário cresceu muito – muito mesmo! Dá pra notar que o pessoal na The Gentlebros se dedicou para polir ainda mais a experiência dos jogadores, refinando aquilo que faz os segundo e este terceiro jogos brilharem: jogar junto na mesma tela.

O Mar do Pataribe é imenso e cheio de perigos.(Imagem: Reprodução, Nintendo Switch na doca)
O Mar do Pataribe é imenso e cheio de perigos. (Imagem: Reprodução, Nintendo Switch na doca)

Parte da brincadeira é a distribuição de itens, já que não existem duplicadas no inventário. Para dar um exemplo: digamos que encontramos a Guitarra do Miautallika, que pode ser usada como um machado de dano elétrico. Existirá apenas uma guitarra do Miautallika, e por isso devemos escolher quem vai equipar o quê. Vira um microjogo solidário de saber definir papéis. Ah, e qualquer versão idêntica da arma, escudo ou roupa encontrada por aí aumenta o nível do item original.

Os controles são intuitivos, com melhorias significativas na interface de usuário e na atribuição de magias e habilidades. O combate é dinâmico e divertido, com novos tipos de inimigos e chefes desafiadores. No controle, os gatinhos Xeretas rolam para se esquivar, correm, batem com espada e até alternam para disparar – seja com pistolas típicas de piratas ou cajados mágicos elementais. Nos botões superiores, os gatilhos e os clássicos L e R, equipamos magias que vão de ataques de fogo e gelo a técnicas típicas de suporte, como recuperar saúde e aplicar escudos.

Cat Quest III segue com seu simples sistema de níveis: fácil de entender e divertido.(Imagem: Reprodução, Nintendo Switch na doca)
Cat Quest III segue com seu simples sistema de níveis: fácil de entender e divertido. (Imagem: Reprodução, Nintendo Switch na doca)

O sistema de elementos ficou ainda mais aprimorado, tornando mais intuitivo descobrir a melhor estratégia para cada confronto. Além disso, novas habilidades e magias foram adicionadas, proporcionando mais opções táticas durante as batalhas – fogo leva vantagem sobre gelo; encontraremos dano arcano e magia elemental.

Por mais que existam números na tela, são meros indicadores simples que orientam os jogadores na tomada de decisão. O sistema geral é descomplicado e ainda assim preserva resistência suficiente para garantir a diversão – alguns confrontos são de pingar suor.

Desta forma, a curva de dificuldade desafiadora é mantida, ainda assim se preserva como acessível. Por isso, jogadores casuais e veteranos encontram o desafio adequado, adaptando-se durante a jogatina, ou, se necessário for, podem mudar a opção a qualquer momento.

Um dos lugares mais legais (e ideal para saber qual aventura encarar na sequência) é a taberna da um mural de recompensas mostra os desordeiros mais procurados dos mares

Momentos com estilos diferentes enriquecem a aventura dos Xeretas.(Imagem: Reprodução, Nintendo Switch na doca)
Momentos com estilos diferentes enriquecem a aventura dos Xeretas. (Imagem: Reprodução, Nintendo Switch na doca)

Visuais e Som

A linhagem de visuais encantadores é mantida com altas honras em Cat Quest III. Aliás, joguei a versão final no Switch, que sim, tem as mais baixas taxa de quadros e resolução se comparado com PC ou outros consoles. Adoraria ter os gráficos crocantes como os vistos no preview, mas falo em bom tom que o “corte” não minimiza a experiência, uma vez que o primordial é a diversão ao jogar junto.

E mesmo no Switch, o desempenho está excelente, com visuais encantadores, gráficos muito coloridos e detalhados que capturam a essência de um mundo habitado por gatos e cães. As animações engraçadas se misturam aos incontáveis efeitos de partículas tridimensionais que derramam luzes para todos os lados e finalizam batalhas numa câmera lenta digna de deixar 300 com inveja.

A taberna da Dona Galacta é um ponto de referência para caçadores de recompensas.(Imagem: Reprodução, Nintendo Switch na doca)
A taberna da Dona Galacta é um ponto de referência para caçadores de recompensas.
(Imagem: Reprodução, Nintendo Switch na doca)

Para trazer atmosferas diferentes, o estilo muda dependendo do lugar e se estamos dentro de uma masmorra, em alto-mar ou num show de miautaleiros. Navengado pelas temíveis águas com ratinhos necromânticos? Uma aura púrpura tingirá um vivo mar “caribenho” em tons sombrios e amaldiçoados.

A trilha sonora é agradável e se adapta bem ao ambiente do jogo, com composições corsárias. Ficam, sim, um pouco repetitivas após longas sessões de jogo. Mas ouvir os miadinhos de lamentação ou de êxito perdidos entre lutas gloriosas dificilmente fica cansativo!

Uma tigela de leite e uma sonequinha... Ou sorvete para a dupla de jogadores. (Imagem: Reprodução, Nintendo Switch na doca)
Uma tigela de leite e uma sonequinha… Ou sorvete para a dupla de jogadores. (Imagem: Reprodução, Nintendo Switch na doca)

Vale a pena jogar Cat Quest III?

Jogar ao lado de alguém sempre foi imperativo pra mim, afinal, cresci jogando videogame com meu irmão. As experiências cooperativas pareciam muito mais escassas que aquelas contenciosas.

Em apenas três aventuras, Cat Quest virou referência para suprir este nicho – e olha que o primeiro título era para um único jogador. Agora, temos em mãos o terceiro episódio de um gatoverso engraçado, charmoso, divertido e que é melhor quando se vive junto.

Cat Quest III refina sua jogabilidade simples e elegante, adiciona um mar para ser navegado que também serve como palco para batalhas navais e triunfa em todos os aspectos que aborda. As missões são diversificadas – às vezes entregamos cartas, às vezes reescrevemos a história com a escolha de uma porta ou outra. Quem sabe se vamos visitar torres espelhadas, mas numa vive um ratinho irmão gêmeo necromântico. E juntos vasculhamos o vibrante Mar do Pataribe. Entre jogadores Xeretas, combinamos como abordar um chefe trabalhoso ou quem vai se divertir mais com magias de fogo ou com as Garras do Zoinho.

Certamente maior que seu antecessor, superando as 20 e poucas horas de campanha, Cat Quest III conta com modificadores para novas aventuras, aumentando o valor de replay.

No final das contas, este é um jogo divertidíssimo, ao mesmo tempo desafiador e encantador, recomendável para amantes de gatos e cachorros de todas as idades e para jogadores de todos os níveis. Assim como as criaturinhas mais perfeitas da natureza, os Xeretas são fofíssimos e têm garras bem afiadas. Aproveite, chegou a hora de içar âncoras!

Cat Quest III será lançado no dia 8 de agosto para PC, via SteamNintendo SwitchPlayStation 4, PlayStation 5Xbox One e Xbox Series X|S.

*Review elaborada no Nintendo Switch, com código fornecido pela Kepler Interactive.

Cat Quest III

R$ 59,99
9.3

Diversão

9.5/10

Jogabilidade

9.0/10

Multijogador

10.0/10

Visuais e sons

9.0/10

Conteúdo

9.0/10

Prós

  • Divertido
  • Um dos melhores jogos cooperativos - ou O melhor
  • História encantadora
  • Variedade de ambientes e estilos
  • Ótima escrita e tradução igualmente primorosa

Contras

  • Quando teremos Cat Quest para quatro pessoas?
  • Lutas são bagunçadas, mas deixo apenas como aviso!

Carlos Maestre

Jornalista que passou a pesquisar acessibilidade digital pela constante necessidade de inverter o eixo Y - desde GoldenEye 007. Cresceu com a Nintendo e fã da (atual) Microsoft, quer a velha Rare de volta. Além de achar divertido caçar conquistas, sofrerá uma intervenção a qualquer instante por culpa de Stardew Valley.