Pocket Bravery | Review
Hoje, talvez estejamos vivenciando uma das melhores eras para jogos de luta. A integração de sistemas como o Rollback Netcode, a abundância de tutoriais na internet e uma comunidade acolhedora são apenas alguns dos pontos positivos desse segmento. Especialmente em 2023, parece que estamos vivenciando um dos melhores anos em termos de lançamentos nessa categoria. Jogos como Street Fighter 6 e Mortal Kombat 1 foram lançados em sequência, e ainda temos Tekken 8 previsto para o começo de 2024. No entanto, apesar da empolgação com essas franquias renomadas, um jogo em particular capturou meu interesse: Pocket Bravery.
Pocket Bravery, desenvolvido pelo estúdio brasileiro Statera Studio, conquistou grande parte da comunidade de jogos de luta. Com seu desenvolvimento aberto à participação da comunidade, personagens carismáticos e, claro, um anúncio no maior evento do nicho, a EVO, o jogo sempre evidenciou o carinho e a dedicação de seus criadores. Isso se reflete nas animações, no design e na transparência com os fãs. Mas a questão permanece: Pocket Bravery consegue competir com os grandes lançamentos de jogos de luta deste ano? Foi isso que a Statera nos convidou a explorar em uma análise aqui no Pizza Fria!
Um divertido modo história
Pocket Bravery é um jogo de luta 2D que busca resgatar não apenas o sentimento, mas também a jogabilidade dos clássicos games de luta. O título é repleto de conteúdo, oferecendo diversas atividades para serem desfrutadas tanto online quanto offline. Além disso, apresenta um elenco vasto e diversificado de personagens, cada qual com seu estilo de jogabilidade distinto.
O que realmente me encantou em Pocket Bravery foi a personalidade de cada personagem. Eles brilham seja nos visuais, em suas histórias ou, principalmente, na jogabilidade. Cada personagem “representa” um país, incorporando elementos culturais em seus golpes e movimentos.
A trama gira em torno de Bruno, um militar que se encontra preso e que jurou vingança contra seu arqui-inimigo, Hector. Este último, aparentemente, foi o responsável por sua captura. Depois de treinar por anos na prisão, Bruno, com a ajuda de seus poderes, consegue escapar e parte em busca de Hector. Essa jornada funciona como um tutorial para o jogo e, devo dizer, é possivelmente o melhor tutorial que já vi em um jogo de luta. O modo história introduz ao jogador vários conceitos cruciais do gênero, como, por exemplo, golpes antiaéreos.
O modo história é, sem dúvida, um dos pontos mais destacados de Pocket Bravery. A narrativa é envolvente e divertida. Apesar de parecer um pouco simples ou “boba”, ela é eficaz e, em muitos momentos, remete à trama de Dragon Ball: direta e entretida. Além disso, a história traz inúmeros easter eggs de outros jogos, séries, filmes e desenhos populares. Vale a pena prestar atenção em cada detalhe das cutscenes, pois há muitas surpresas escondidas.
Além do modo história
Além do modo história, Pocket Bravery oferece uma vasta gama de conteúdo adicional, obviamente, além das próprias lutas. Destaca-se o modo treino, que é tão completo que supera muitos outros jogos por suas funcionalidades projetadas para maximizar o tempo de treinamento. E, como era de se esperar, o jogo inclui os “Desafios” ou “Trials”, que são combinações de golpes destinadas a ajudar os jogadores a se familiarizarem com novos personagens. Em Pocket Bravery, esses desafios introduzem de forma progressiva a jogabilidade de cada personagem, iniciando com combos mais simples e evoluindo para combinações verdadeiramente complexas.
Outro ponto a ser elogiado é a decisão de permitir que os jogadores desbloqueiem personagens, skins e cores simplesmente jogando, sem a necessidade de gastar dinheiro adicional. Embora isso possa parecer algo padrão, sabemos que muitos jogos atuais adotaram uma abordagem diferente. Essa escolha por parte de Pocket Bravery reavivou minha paixão pelo sentimento de “complecionismo”, remetendo aos jogos clássicos da minha infância.
Pocket Bravery apresenta um elenco robusto com 13 personagens no lançamento: 12 originais do jogo e 1 convidado, Sho Kamui, da franquia Breakers. Dois desses personagens podem ser desbloqueados ao completar certos desafios no jogo. Gostaria de destacar, particularmente, o vilão Hector. Para ser sincero, ele rapidamente se tornou um dos meus personagens favoritos em jogos de luta.
Não posso deixar de mencionar o tradicional modo Arcade, presente em muitos títulos do gênero. Ele oferece um vislumbre adicional da história de cada personagem em Pocket Bravery.
A Porradaria
Claro que preciso comentar sobre o sistema de combate, afinal, estamos abordando um jogo de luta. Pocket Bravery superou minhas expectativas de forma incrível. Ele se baseia em 4 botões, além dos direcionais: soco fraco, soco forte, chute fraco e chute forte. No entanto, a Statera optou por uma abordagem simples, mas extremamente eficaz. O jogo apresenta uma vasta gama de golpes especiais, ultimate e golpes elementais, proporcionando uma profundidade ímpar ao combate.
Há também um modo de controles simplificado para auxiliar aqueles menos familiarizados com jogos de luta. Em resumo, o combate de Pocket Bravery é intuitivo para iniciantes, mas desafiador para dominar, mesmo para os mais experientes no gênero.
Notei, durante minhas partidas, que algumas animações são prolongadas demais, interrompendo o ritmo da luta, especialmente os agarrões e os golpes super especiais. Em certos momentos, ambos os jogadores ficam quase 10 segundos parados, observando a animação, que, embora visualmente impressionante, quebra a dinâmica do duelo.
O Online
O Online de um jogo de luta sempre é um assunto delicado, até porque parece que não existe um meio termo, ou o sistema é muito bom como o de Guilty Gear Strive, ou ele é horroroso como o de Street Fighter V. Pocket Bravery sabendo disso utiliza da tecnologia de Rollback Netcode para as partidas online. Entretanto o rollback sozinho não faz milagre.
O modo online em jogos de luta é sempre um tema sensível, pois parece que não há meio-termo: ou é excelente, como em Guilty Gear -Strive-, ou deixa a desejar, como em Street Fighter V. Ciente disso, Pocket Bravery adotou a tecnologia Rollback Netcode para as disputas online. Contudo, apenas o rollback não opera milagres.
No lançamento de Pocket Bravery, o modo online apresentou diversos problemas, dificultando tanto a realização quanto a busca por partidas. Entretanto, após algumas atualizações, a experiência melhorou significativamente, evidenciando o comprometimento da equipe de desenvolvimento com o título.
Vale a pena comprar Pocket Bravery?
Em meio ao dilúvio de grandes lançamentos de jogos de luta em 2023, pode ser desafiador escolher quais títulos merecem nossa atenção e investimento. No entanto, na minha visão, Pocket Bravery se destaca nesse cenário saturado. Trata-se de um jogo independente, construído com paixão e que se destaca em qualidade em todas as suas facetas. Pessoalmente, considero que o valor investido no game é plenamente justificado, sobretudo para aqueles que, como eu, anseiam pela essência dos clássicos jogos de luta, repletos de conteúdo que nos mantêm engajados por meses, além das disputas habituais.
No momento, Pocket Bravery está disponível exclusivamente para PC, via Steam. No entanto, lançamentos para Nintendo Switch, PlayStation 4, PlayStation 5, Xbox One e Xbox Series X|S já foram anunciados. Portanto, vale a pena seguir os desenvolvedores nas redes sociais e ficar atento às novidades sobre esses lançamentos.
*Review elaborada em um PC equipado com uma Geforce RTX, com código fornecido pela PQube.